Como é do conhecimento geral, os esforços de contenção da despesa do governo do senhor engenheiro, apesar dos aumentos dos impostos, não produziram mais do que um magro resultado nas contas provisórias de 2005. Um magro resultado e um gordo défice - 6%.
Um outro facto trivial que não será do conhecimento geral é que a contabilidade pública não é uma contabilidade de custos e proveitos, com um balanço que reflecte a situação patrimonial e uma demonstração de resultados, mas uma contabilidade de receitas e despesas. Resulta deste pecado original que só são reflectidas nas contas dum ano as despesas liquidadas nesse ano.
Vem isto a propósito dum amigo médico me ter desabafado estar um dos ministérios do governo do senhor engenheiro a dever-lhe dezenas de milhar de euros por prestação de serviços de 2004 e 2005. A ele, e a muitos outros médicos, umas dezenas de milhares, e outro tanto, ou umas centenas de milhar ou uns milhões de euros, a clínicas, laboratórios e farmácias. Esquecendo os outros prestadores e fornecedores do estado napoleónico-estalinista, só os de serviços de saúde têm créditos sobre o monstro (professor Cavaco dixit) que atingem valores pantagruélicos. Se o governo do senhor engenheiro comandasse uma instituição séria que pagasse a tempo e horas aos seus fornecedores o défice de 2005 seria o quê? 7%? 8%? 9%? 10%?
Se o senhor engenheiro, em vez de chefe duma máquina insaciavelmente gastadora, inescrupulosa, irresponsável e usurpadora, fosse o presidente da comissão executiva dum Portugal SA, obrigado a cumprir as IFRS, sujeito à fiscalização do conselho fiscal, dos ROCs, dos auditores, da CMVM, e à apreciação de accionistas informados e esclarecidos (em vez de sujeitos passivos que alimentam a vaca marsupial pública, tentando sonegar-lhe umas dracmas e extorquir-lhe uns maravedis) certamente não teria o seu mandato renovado na próxima assembleia geral.
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