Começam a avolumar-se os sinais de fumo do fim do período de graça do governo do senhor engenheiro. Nas últimas semanas a sucessão de más notícias sobre o futuro da economia, a vida aquém do orçamento, a vida do orçamento, e a vida para além do orçamento - a sustentabilidade financeira da segurança social jurada pelo senhor engenheiro em anteriores governos foi descoberta moribunda uma bela manhã. A semana passada tornou-se público o privado cansaço do excelso professor Freitas. Nos últimos dias desfez-se o castelo de areia da refinaria Vasco da Gama.
Folheio os pasquins semanários e continua (Independente) ou começa (Expresso) a ser notória a fuga dos ratos do navio governamental. Um navio sacudido pela borrasca, ligeiramente à deriva, descaindo para as rochas da recessão, com um capitão a fazer discursos que anunciam a bonança e a tripulação ligeiramente desorientada, vagamente amotinada, que começa a ver crescer as vagas alterosas sopradas pelo vento da globalização.
Os sujeitos passivos ainda não perceberam o que se passa, ligeiramente hipnotizados pelo fascínio mediático do senhor engenheiro, distraídos pelo rufar dos tambores corporativos (professores, juizes et alia) e intimamente satisfeitos com o ilusório ataque aos «privilégios».
Mas as nuvens começam a acastelar-se no horizonte. Está a expirar o período de borla.
Novo termo para o Glossário das Impertinências:
Período de borla
Diz-se do período de graça concedido pelos sujeitos passivos ao governo, que foi, ou está a ser, malbaratado por anúncios mirabolantes, pelo uso intemperado do marketing político, pela gestão chicoesperta das expectativas, pelo insulto à inteligência dos eleitores, pela escassa capacidade concretizadora.
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