O pingue-pongue dos polícias e dos magistrados nos casos de corrupção, saltitando alternadamente do pessoal do PSD ou CDS para o PS e vice-versa, tem o mérito de mostrar o grau de corrupção de tais polícias e magistrados. Mais nada. É um pingue (caso dos sobreiros para o lado do CDS)-pongue (caso A. Santos para o lado do PS) que termina sempre empatado. É um jogo de soma zero. É perda de tempo.
"Nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as camadas da sociedade. Esse negócio de dizer que as elites são corruptas mas o povo é honesto é conversa fiada. Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos um comportamento pouco recomendável" (João Ubaldo Ribeiro na «Veja», a propósito do Brasil - citado aqui pelo Mar Salgado).
Pois. Esse negócio de dizer que o povo é corrupto de uma maneira geral mas as elites são honestas duma maneira particular, também seria conversa fiada. Talvez o povo seja desonesto de maneira geral e as elites sejam corruptas em particular.
É o colectivismo e a aversão ao risco (os maiores scores europeus [*], medidos pelo incontornável Geert Hofstede).
É a cultura, estúpido.
[*] Portugal deixou de figurar desde há alguns anos nas análises de Geert Hofstede; os últimos dados que tenho são de 1995.
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