O post «O cair de um mito reloaded» do Grande Loja do Queijo Limiano parece insinuar que entre os despesismos do professor Cavaco e os do doutor Durão Barroso e do episódico doutor Santana Lopes passou, de 1995 e 2000, um salvífico engenheiro Guterres acolitado pelo guardião da finanças públicas professor Sousa Franco.
Se é certo que todos os governos do PSD foram despesistas, os governos guterristas estão completamente inocentes de qualquer controlo orçamental, ao contrário do que parece mostrar o gráfico apresentado. Bastaria saber-se, como se sabe, que nesse período os efectivos da função pública tiveram um aumento líquido de mais de 50.000 e que nesse mesmo período se começaram a fazer sentir os efeitos desse enorme disparate do professor Cavaco Silva - o esquema de carreiras profissionais que garante o aumento automático a toda a gente. Bastaria isso para acender o desconfiómetro sobre a alegada virtude orçamental dos governos de Guterres. Teria que haver um milagre.
E houve. Não um, mas dois milagres. O primeiro foi o crescimento da economia nesse período e, já agora, lembre-se a gestão orçamental pró-ciclíca, cujos custos ainda hoje estamos a pagar. O segundo milagre foi o efeito da descida das taxas de juro que naquele período significou cerca de 3% do PIB, sem os quais o défice em 2000 teria estado ao nível do segundo governo despesista do professor Cavaco Silva.
(O post impertinente «A insustentável leveza da pesada herança do professor Sousa Franco e as atribulações do casal franco-alemão» publicado em 16-12-2003, ainda em vida do visado, explica um pouco menos superficialmente o milagre)
Se a direita portuguesa «não sabe gerir as finanças públicas» não será a esquerda portuguesa que lhe vai dar lições. Ambas sofrem dum entranhado culto do estado napoleónico-estalinista e duma dependência doentia da vaca marsupial pública para proporcionar as sinecuras com que ambas pagam os favores e dão emprego ao merdoso respectivo pessoal político que delas se sustenta.
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