31/01/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Há fundadas dúvidas se será e parece-o cada vez menos

Secção Sol na eira e chuva no nabal
O professor Freitas do Amaral já fundou um partido que abandonou; já esteve sitiado durante um congresso desse partido por alguns dos suas actuais amigos do BE; já teve como adversário político nas presidenciais a sua actual alma gémea, que à época pouco faltou para lhe chamar fascista; já deixou de ser deputado para voltar a sê-lo por uns mesitos só para completar os 8 anos que lhe deram direito a uma confortável reforma para arredondar o seu pecúlio. Fez um longo caminho até chegar à declaração de apoio ao PS e ao engenheiro Sócrates. Para perceber o seu percurso, explicam-me, é preciso compreender as sucessivas humilhações a que foi sujeito o seu inchado ego. Pelo doutor Cavaco e pelo PSD, que não lhe pagaram a campanha presidencial e pela administração americana durante o seu mandato de presidente da AG da ONU, onde foi, como os seus antecessores e sucessores, pouco mais do que um mestre-cerimónias tentando pôr alguma ordem em reuniões dominadas por uma sólida maioria de representantes de ditadores corruptos.

Com boa vontade consegue-se perceber a coisa. Não se consegue perceber que, sendo presidente da mesa da assembleia geral da Caixa, tenha aceite dar um parecer sobre a integração do fundo de pensões da própria Caixa na CGA. É irrelevante que o parecer tenha sido contra ou a favor (foi contra) ou que tenha sido pedido pelo governo ou pelos sindicatos (foi pelos sindicatos).

Mesmo que seja sério (e com um passado deste, parece pouco) seria preciso também parecê-lo. Ficará ainda mais difícil parecê-lo se aproveitar a eventual vaga do engenheiro Guterres para ser o candidato do engenheiro Sócrates a PR.

Leva três ignóbeis e ainda quatro bourbons, porque, pelos vistos, a coisa ameaça tornar-se um hábito.

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