«O ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, defendeu ontem que deve ser o Governo a definir o modelo de programação da RTP, uma vez que é o Executivo que responde pelas decisões adoptadas na estação pública», informa-nos o Público.
Estas declarações do doutor Sarmento excitaram imediatamente imensos espíritos. Entre os espíritos excitados ficou o doutor Arons de Carvalho, provavelmente o pior membro do pior governo dos últimos 25 anos (ou do segundo pior governo, se o corrente conseguir superar-se a si próprio). Dizer isto não é dizer pouco, quando a concorrência é fortíssima. Entre as suas realizações destaca-se a quadruplicação em 6 anos do défice da RTP que passou de 40 para 160 milhões de contos.
O Jaquinzinhos chegou a roupa ao pelo do doutor Arons de Carvalho, lembrando que «João Carlos Silva, deputado pelo Partido Socialista, foi nomeado pelo executivo de Guterres para acumular os cargos de Presidente do Conselho de Administração da Portugal Global empresa que engloba a RTP a RDP e a Agência Lusa, com o de Presidente, Director Geral e Director de Programas da RTP.»
É bem lembrado, mas passa ao lado do problema. E o problema é: para que queremos uma televisão pública?
O blasfemo João Miranda dá-lhe uma boa resposta (comentando os comentários do doutor Vital Moreira):
«O conceito de serviço público é definido pelas elites intelectuais e consiste na produção de programas de televisão que satisfazem as preferências ou que garantem o emprego desses mesmos intelectuais. Se isto é altruísmo, é um altruísmo muito suspeito porque os principais beneficiários do serviço público são precisamente aqueles que o conceberam e que o promovem.
Há uma contradição entre as preferências dos mais desfavorecidos e o conteúdo do serviço público de televisão que se traduz nas miseráveis audiências do canal 2. O canal 2 é visto precisamente e apenas por aqueles que não precisam dele. Os intelectuais defendem um serviço público que o público rejeita. Esta contradição é um sintoma de paternalismo e/ou hipocrisía.
A tentativa paternalista de dar aos mais desfavorecidos aquilo em que eles não estão interessados está condenada ao fracasso porque até os mais desfavorecidos têm telecomando. Numa sociedade aberta, não é possível dar cultura a quem não a quer.»
Sendo assim, não se pode exterminá-la? Talvez. Mas um liberal realista e pragmático, vivendo no país mais colectivista da Europa, não deve esquecer que o povo não aprecia estas soluções radicais. À cautela é melhor propôr transformá-la numa PBS.
Sem comentários:
Enviar um comentário