25/09/2004

DIÁRIO DE BORDO: As próximas eleições ainda não foram ganhas mas já começaram a ser perdidas.

A comédia trágica da colocação dos professores começou por ser uma responsabilidade do governo de Durão Barroso e continuou a sê-lo durante algumas semanas depois do novo governo ter tomado posse. Passados dois meses, já não é só. A inépcia demonstrada ao lidar com este problema transformou-o num passivo de Santana Lopes e da sua ministra da Educação.

Os pais podem não estar preocupados - e não estão - com a falta de qualidade do produto das fábricas de analfabetos funcionais que são os ensino básico e secundário. Mesmo que isso comprometa o pagamento das suas reformas dentro de 30 ou 40 anos, são intangibilidades que contam pouco no dia a dia do pagamento das prestações, na ginástica do fim do mês que nunca mais chega, na espera das férias naquele resort merdoso que ainda tardam, das noites de olhos grudados no écran e dedo ágil no zapping, das madrugadas perdidas dentro de latas encalhadas numa qualquer CREL, ou CRIL, ou IC, ou IP ou A não sei das quantas. Mas as corridas para deixar e buscar os putos em casas dos avós, dos amigos, das tias, ao som do rufar dos tambores sindicais, as faltas descontadas, as baixas inventadas, essas não vão ser esquecidas facilmente. O engenheiro Sócrates, a quem saiu um bilhete de lotaria premiado, uma inesperada e oferecida rampa de lançamento para liderar a oposição, vai encarregar-se disso.

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