Desde que nasceu, o Blasfémias é um dos meus blogues favoritos. Admiro o rigor e a ciência (e a paciência) com que os blasfemos tratam a maioria dos temas. Desta vez, calhou a sorte ao tema utilizador-pagador. Tudo começou por um comentário a um artigo no DE da luminária socialista doutor Nazaré. O Impertinências passou por esse artigo, na devida altura, como cão por vinha vindimada, dizendo para os seus botões: ó filho está calado que isto é artigo de fé socialista.
Se tivesse dúvidas ficaria esclarecido com a leitura dos comentários dos leitores do Blasfémias àquele post e aos seguintes (aqui, aqui e aqui). Não me refiro às miudezas - o como e a partir de quando, ou desde quando, se aplica o princípio utilizador-pagador. Refiro-me à repulsa que o princípio per se suscita nas mentes.
Do ponto de vista da teoria económica, o princípio utilizador-pagador vale cinco minutos de discussão. Sem querer fazer concorrência aos blasfemos, sempre acrescento mais um exemplo para atrasados mentais: estou danado de impaciência à espera que o socialismo me traga à borla água fresquinha, a mim e aos outros patrícios. Por mim, vou encher todas as semanas a piscina que tenho vazia, ali no fundo do quintal.
Porquê o óbvio ululante é só ululante e não é óbvio para muitos dos nossos patrícios? A resposta não é obra para a teoria económica, mas para os domínios onde navegam os emplastros - como a antropologia. A explicação mais à mão foi dada há anos pelo emplastro Geert Hofstede: Portugal é um dos países mais colectivistas no mundo e, definitivamente, o mais colectivista da Europa.
Um dias destes volto ao tema do colectivismo, se tiver paciência. Enquanto não tenho, fica uma sugestão impertinente aos blasfemos: deixem de oferecer pedagogia aos incréus - a não ser que eles paguem a que utilizam.
Já ia a fechar o post e veio-me à cabeça a dúvida insidiosa: quando chegar o socialismo, o governo tira-me a piscina? Ora, tanto faz. Se não tenho água à borla para que quero a porra da piscina?
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