Desde as eleições presidenciais americanas de 1960, que opuseram Nixon a Kennedy, que a pergunta compraria um carro em segunda mão a um homem com esta cara? se tornou um implícito e destrutivo argumento ad hominem.
Por uma única vez, há muitos anos, aceitei a um membro da parentela ficar-lhe com um chaço em segunda mão em pagamento dum empréstimo que lhe tinha feito para o salvar da insolvência. Dei-me mal. Está fora de causa, portanto, comprar um carro em segunda mão ao doutor Santana Lopes.
O meu lado lorpa levou-me a reincidir, emprestando dinheiro, noutras ocasiões, à parentela e a alguns amigos. Metade das vezes dei-me mal e o dinheiro levou sumiço. Não sendo parente ou amigo do doutor Santana Lopes, seria pouco provável fazer-lhe um empréstimo. Mas, se a questão se colocasse, hesitaria. Talvez emprestasse. Mas pouco, muito pouco. Se pagasse, talvez da próxima vez a minha bondade aumentasse, um pouco. Muito pouco.
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