Estória
O Impertinente quando viaja, como há dias na expedição ao Portugal profundo, gosta de saber se deve ou não levar chapéu de chuva, galochas, etc. ou, pelo contrário, pode ir de corpinho bem feito porque estará um tempo formidável.
Durante anos visitei o sítio do nosso Instituto de Meteorologia para conhecer as previsões para os próximos dias. Por lá ficava a saber se o céu estaria pouco ou muito nublado ou, quem sabe limpo, se o vento sopraria de nordeste ou sudoeste, moderado ou forte, se nas terras altas bla bla bla, se haveria uma pequena, grande ou moderada descida de temperatura mínima, se haveria formação de geada, aqui ou acolá.
Uma prosa sóbria, para gente letrada, sem imagens. Previsões para o Continente, ou, quando muito para os Litorais, os Nortes, os Centros ou o Sul. Nada de palpites ousados sobre a meteorologia na Baixa lisboeta. Nenhuma previsão para as próximas semanas que os nossos técnicos não vendem banha da cobra. Em resumo, uma previsão pobre, mas honrada, uma previsão nossa, para o nosso tempo, na nossa terra. Atrás dela estava o labor de centenas de técnicos nossos patrícios, com poucos recursos, mas que com grande dignidade, nos iam dando a previsão possível.
Tudo isto está em vias de mudar. Cada vez mais ataques vem sendo desferidos contra o nosso produto meteorológico. Todos os dias novos sites mundializantes tentam seduzir as nossas almas patrióticas com previsões para 5 ou mesmo 10 dias, com imagens excitantes, com temperaturas máximas e mínimas, com probabilidades de ocorrência de chuva, pressão atmosférica, humidade relativa e, pior que tudo, para cada uma das nossas cidades e vilas.
Aqui vai um entre muitos, o da Weather.com para a cidade de Lisboa que podem comparar com o nosso pobrezinho, mas muito nosso Instituto de Meteorologia.
Moral
Se for verdade, como escreve Jean Paul Kauffman, citado num daqueles imaginativos anúncios do Banco Privado Português, que a economia depende tantos dos economistas como o tempo dos meteorologistas, então talvez possamos ter esperança na recuperação do estado comatoso da nossa economia.
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