21/09/2003

Declarações de princípio

O princípio foi em Abril de 2001 quando O Impertinente começou a enviar umas Crónicas de escárnio e maldizer a alguns dos seus amigos, amargurado, desculpou-se ele, com a dissolução do país pelos sucos gástricos do Engenheiro das Correntes Frouxas.
As crónicas ainda resistiram à fuga do Engenheiro, do pântano para o limbo presidencial, depois da hecatombe autárquica de Dezembro de 2001.
Resistiram até Fevereiro deste ano. Sucederam-lhes umas Estórias e Morais, que se interromperam em Agosto.
E porquê? E porquê em Agosto? E logo no dia 21?
Na véspera ouve dois atentados, e, nesse dia fatídico para as Estórias, O Impertinente escreveu num Early Morning Email (assim seria baptizado pelo Abrupto, se o Abrupto enviasse emails destes aos amigos e, um grande se, se o Abrupto tivesse amigos):
"quando o camião-bomba matou Sérgio Vieira de Mello e mais 20 pessoas que trabalhavam para a ONU, os olhos da esquerdalhada encheram-se de lágrimas de crocodilo. Ainda as lágrimas não tinham secado, e já os seus olhinhos rebolavam de gozo quando foi conhecido o atentado que fez 20 mortos judeus".
Aconteceu que este email foi muito mal recebido por alguns amigos d'O Impertinente que pediram para não receber mais ofensas por esta via. Tinham eles toda a razão, porque estavam a ser vítimas dum spam terrorista e impertinente.
Aconteceu também, na semana seguinte, o Dr. Saraiva (o “lesma”, como lhe chamou por despeito o Dr. Power Rangel) usar no seu editorial do Expresso o título “lágrimas de crocodilo” a propósito da mesma reacção da esquerdalhada, fazendo-me questionar se não seríamos almas gémeas, dúvida que ainda hoje me deixa um pouco apreensivo.
Talvez por isso, fez-se um clique na mente d'O Impertinente, que já fazia blogues sem se dar conta, como aquele gajo francês que fazia poesia sem o saber. Seriam blogues avant la lettre, como diria o Dr. Eduardo Prado Coelho, ao remexer a sua colecção de lingerie no seu apartamento parisiense, preparando o orgasmo vertical?
Se já os fazia, porque não publicá-los?

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