O Dr. Centeno é um estereótipo do apparatchik socialista e o BdP é demasiado pequeno para o seu ego
Esta Crónica é inteiramente dedicada ao Dr. Centeno, que bem merece depois ter passado quase cinco anos no ministério das Finanças de onde saiu, substituído pelo seu ex-secretário de Estado Dr. João Leão, para se autonomear (através do Dr. Costa) governador do BdP, instituição que dele dependia enquanto ministro. Como se fosse pouco, o Dr. Centeno, aproveitando a vacatura de primeiro-ministro quando o Dr. Costa se demitiu em Novembro de 2023, ofereceu-se para S. Bento em entrevista ao Financial Times e mais tarde sussurrou para jornalistas amigos a sua disponibilidade para Belém.
Quanto ao BdP ser demasiado pequeno para o Dr. Centeno, teremos de concordar porque, como explicou o outro contribuinte, competindo ao BCE a supervisão das instituições bancárias a que faz sentido chamar bancos com sede em Portugal, isto é as quatro "entidades significativas" BPI, BCP, CGD e Novo Banco, resta ao BdP a supervisão das entidades "insignificativas" tais como as Caixas Agrícolas, o Banco Montepio e outras miudezas, bem como o gabinete de estudos e as estatísticas financeiras. A única coisa que pode consolar o Dr. Centeno é que deve ser o director de gabinete de estudos mais bem pago do mundo com um salário anual de 273 mil euros que o coloca acima do presidente da Fed.
Tudo isto se consegue entender com algum esforço num contexto em que os apparatchiks socialistas se consideram, por assim dizer, proprietários do Estado sucial. Mais difícil de perceber, porque revela que o Dr. Centeno, extasiado consigo próprio, poderá ter perdido de vez o contacto com a realidade ao produzir um discurso delirante de grandeza imaginária no cenário humilde da Caixa Agrícola de Torres Vedras onde nos informa
«Em 2014, pagaram-se 30 mil milhões em salários às famílias portuguesas. Em 2024, este valor já era superior aos 60 mil milhões de euros. Fizemos mais para melhorar os salários das famílias nestes dez anos do que nos 900 anos anteriores", disse o governador numa intervenção numa conferência que assinalou os 110 anos da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras. Nunca antes, na História do nosso país, conseguimos transformar tantas coisas em tão pouco tempo.»
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