30/09/2024

Crónica de um Governo de Passagem (20)

Navegando à bolina
(Continuação de 19)

Em matéria de peditório o Dr. Montenegro não fica atrás do Dr. Costa

Primeiro foi o anúncio pelo ministro da Agricultura de que o governo iria pedir “ajudas” a Bruxelas para compensar os agricultores afectados pelos incêndios. De seguida, o Dr. Montenegro deu a boa nova que Frau Von der Leyen autorizara a utilização de 500 milhões de euros do fundos de coesão.

A arimética incendiária do peditório

Henrique Pereira dos Santos (que sabe mais disto a dormir que eu acordado) estimou um valor de 100 euros por hectare de três em três anos como um ponto de partida razoável para assegurar a limpeza da floresta, ou seja 33 euros por ano/hectare. O custo total anual da limpeza da floresta de 3,2 milhões de hectares seria assim de cerca de 106 milhões de euros e, com este valor anual, os 500 milhões de euros do peditório dariam para financiar quase 5 anos de limpeza da floresta. É só fazer as contas, como disse o Sr. Eng. Guterres a propósito do PIB.

[Aditamento: seguindo a ideia de Mira Amaral, a acrescentar aos 33 euros por ano/hectare a pagar aos proprietários poderia somar-se o rendimento de venda dos resíduos florestais depositados em ecopontos florestais às centrais de biomassa que produziriam electricidade com tarifas subsidiadas justificadas pelas externalidades positivas] 

Contas certas sustentadas pelo saque fiscal

Graças a um aumento da carga fiscal de 34,4% no 1.º semestre do ano passado para 36% no mesmo período deste ano, apesar do aumento de 7,5% da despesa pública, o superavit no mesmo período aumentou de 1,1% para 1,2%.

Em matéria de demissões o Dr. Montenegro é uma sombra das performances do Dr. Costa

Escreve o semanário de reverência que este governo já fez 90 mudanças de quadros dirigentes, como se fosse um feito notável e não é. Segundo o mesmo semanário o Dr. Costa ao fim de três meses já tinha um score de 273 demissões.

O socialismo será alcançado quando o salário mínimo for igual ao salário médio

O governo AD também não quer fica atrás do governo socialista em matéria de salário mínimo e propõe-se obrigar as empresas a pagar um salário mínimo de 870 euros em 2025 e de 1.010 euros em 2028.
 
mais liberdade

Sabendo-se que quase todos os trabalhadores com salário mínimo estão nas micro e nas pequenas empresas, tal significaria que muitas delas poderiam ser inviáveis não fora a prodigiosa imaginação dos fura-vidas tugas que levará a que recorram ainda mais intensamente à economia paralela.

Este IRS não é para velhos

Parece que o governo não quer abrir mão do IRS Jovem medida que, além de ser pouco eficaz para reter os jovens profissionais como concluiu o FMI, constitui uma discriminação injusta e inconstitucional como defendeu o professor Xavier de Basto e, como Helena Garrido escreveu levaria os mais velhos a pagar quase quatro vezes mais de IRS.




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