07/07/2024

Pro memoria (433) - Desta vez, se for, vai ser diferente, o que não é necessariamente uma boa notícia

Steve Bannon, durante alguns anos presidente da Breitbart News, que ele próprio considerou em 2016 como «the platform for the alt-right», foi consultor da campanha presidencial em 2016 e estrategista-chefe de Donald Trump durante os primeiros sete meses. Acusado de fraude e outros crimes, beneficiou de um perdão presidencial no último dia do mandato e foi preso no dia 1 de Julho passado por acusações criminais relacionadas com a invasão do Capitólio em 2021. Em Outubro de 2021, seis meses depois do fim do mandato, o Sr. Bannon comentou numa entrevista telefónica à NBC News:

«If you’re going to take over the administrative state and deconstruct it, then you have to have shock troops prepared to take it over immediately (...) I gave 'em fire and brimstone.»

As "shock troops" a que o Sr. Bannon se referiu não eram literalmente tropas de choque, nem mesmo voluntários dos Proud Boys ou outra organização neo-fascista semelhante, como os teóricos esquerdistas da conspiração tentaram interpretar. Eram quadros técnicos e administrativos para preencher as quatro mil nomeações presidenciais nas agências federais que no primeiro mandato foram nomeados tardiamente e, em muitos casos, sem competências para os cargos, o que originou uma enorme confusão potenciando o estilo caótico do Sr. Trump. 

É isso que o Sr. Bannon e as pessoas com algum juízo que esperam usar o Sr. Trump como wrecking ball quererão corrigir num eventual segundo mandato, o que faz prever uma maior competência e uma aplicação menos turbulenta de políticas mais consistentes, naturalmente iliberais, desde o nativismo anti-imigração até ao nacionalismo económico, passando por restrições à liberdade de expressão para combater o wokeism usando as mesmos processos, uma política externa isolacionista e transaccional em relação às potências com regimes autocráticos.

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