A propósito deste comentário de João Miguel Tavares no Público, que atribui a suposta resiliência futura do Chega à distribuição relativamente homogénea do seu eleitorado, ao contrário do PRD e na verdade diferentemente de todos os outros partidos, com a possível excepção do PS, eu diria que falta explicar a que se deve essa homogeneidade, que a meu ver se deve ao que há dias escrevi para um grupo de amigos.
Os votos do Chega são os votos do ressabiamento de ressentidos com o Estado sucial, por muitas e variadas razões, a maior parte compreensíveis.
Algumas delas são generalizadas (uma descrença na democracia, como o pior dos regimes, com excepção de todos os outros, como disse Churchill, ou a rejeição das ideologias de identidade do género, etc.) e outras domésticas (como o novo situacionismo do PS e as suas consequências).
Assim se compreende que o Chega tenha tido 21% em Beja (concelho historicamente comunista), 17,5% em Valpaços (um dos 3 ou 4 concelhos mais pobres de Portugal) e 11,6% em Oeiras (concelho com maior percentagem de licenciados e a segunda média de rendimentos), ou seja, resultados não muito diferentes porque o Chega é um partido catch-all e onde não há ressentidos pela pobreza e por abandono capturam os ressentidos ideológicos.
E por falar em não desaparecer acrescento que o Chega irá desaparecer um dia, não como o PRD, nem a um prazo tão curto, mas porque todos os partidos um dia desaparecem quando desaparecem as causas que os justificam.
Ressabiamento ? Nada disso. Apenas já perdemos a ilusão com o Ps e Psd. O sistema corrupto é hoje visível até para os que se recusam a abrir os olhos. Cá em casa somos 4 e 2 ainda votaram Psd. Nas próximas eleições os 4 votos vão para o Chega.
ResponderEliminar«Os votos do Chega são os votos do ressabiamento de ressentidos com o Estado sucial, por muitas e variadas razões, a maior parte compreensíveis.»
ResponderEliminarNão é assim tão simples. Como bem observou o primeiro comentador (Jorge), aquilo que alimenta o Chega é sobretudo a percepção que o PS e o PSD não têm nem a capacidade, pior do que isso, não têm nem sequer a vontade de fazer melhor por Portugal e pelos portugueses.
Como votante do Chega, uma das minhas motivações fundamentais é contribuir para a remoção do centrão do poder. O centrão mafioso que só dá de comer aos seus e aos amigos, o centrão criminoso que se apodera da coisa pública e a destrói em benefício próprio, o centrão tentacular que se infiltrou em praticamente todos os sectores da sociedade, o centrão absolutista que enche a boca com a democracia mas depois nos nega o direito a falar livremente acerca da imigração, enquanto importa centenas de milhares de imigrantes terceiro-mundistas para se tentar eternizar no poder.
«E por falar em não desaparecer acrescento que o Chega irá desaparecer um dia, não como o PRD, nem a um prazo tão curto, mas porque todos os partidos um dia desaparecem quando desaparecem as causas que os justificam.»
Se fosse assim tão simples, o PS já teria desaparecido. Mas nem sequer a extrema-esquerda desapareceu... pelo contrário, ela continua a metamorfosear-se, e agora até tem a lata de se chamar "Livre", quando o ela que defende é o exacto oposto da Liberdade...