09/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (86a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Intenções: «Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro». Consequências: o colapso do SNS

Desta vez é a crise das horas extraordinárias que levou 2.500 médicos a apresentarem “escusa” de trabalho extraordinário e que está a cancelar cirurgias e a paralisar as urgências de um número crescente de hospitais. De crise em crise, o Dr. Costa e o seu governo estão a destruir gradualmente o objecto da sua declarada paixão.

Enquanto isso, o Dr. Costa na sua entrevista à CNN disse que o «grau de satisfação dos médicos é relativamente bom» e que o seu governo «aumentou 56%» o orçamento do SNS. Sim é verdade, as despesas de saúde que em 2015 representavam 12,8% do total em 2022 aumentaram para 15,9%. Falta dizer que uma parte significativa desse aumento se deveu à redução do horário de trabalho de 40 para 35 horas que segundo o Dr. Costa e o Dr. Centeno, abençoados pelo Dr. Marcelo, não teria impacto orçamental, e pelo meio, nos anos 2020 e 2021, houve uma pandemia.


O relatório da Nova SBE sobre os Recursos Humanos em Saúde, publicado em Março deste ano mostra claramente o aumento de efectivos que se seguiu à redução do horário e mostram também que, apesar desse aumento, o número de horas trabalhadas em 2018 foi inferior ao de 2015 (73 contra 74 milhões de horas).

A demagogia, sempre

Apertado pelo falhanço das políticas de habitação, o Dr. Costa faz anúncios, a única coisa que ele sabe fazer bem. Desta vez anunciou a extinção do estatuto do residente não habitual que atribui taxas especiais de IRS de 20% e 10% nas pensões e com uma cajadada tenta matar dois coelhos tirados da sua prolífica cartola. O coelho do mito que a “crise da habitação” se deve à compra de imóveis por essas criaturas e o coelho da satisfação da inveja, um dos mais entranhados atributos da cultura popular do Portugal dos Pequeninos.

Em relação ao primeiro coelho convém não esquecer que as cerca de 74 mil criaturas que têm esse estatuto compraram habitações topo de gama inacessíveis à classe média atingida pela “crise da habitação”. Já agora, recorde-se que a alternativa a não atribuir as taxas especial de IRS não é tributar mais os “estrangeiros ricos” – é perder os impostos que eles pagam quando se mudarem para Espanha, por exemplo, sem esquecer que os descontos atribuídos só expiram no final de 10 anos. E atente-se, ainda, que uma parte desses “estrangeiros ricos” não são ricos, são profissionais altamente qualificados deslocados em Portugal.

Em relação ao segundo coelho, suspeito que a satisfação do sentimento de inveja é inatingível e encontrará rapidamente objectos de substituição.

O Estado sucial é um caloteiro

Os pagamentos em atraso das entidades públicas atingiram em Agosto 886 milhões, mais 103 milhões do que no mesmo mês do ano passado.

Choque ferroviário da Boa Nova com a realidade

O comboio eléctrico até Peso da Régua previsto para 2019 está um poucochinho atrasado e não chegará antes de 2027. Na verdade, é apenas um pouco mais de 10% dos 27.951 dias do atraso total estimado pelo Público no Ferrovia 2020.

(Continua)

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