Pelo meio, na modernidade caracterizada pela sempre presente necessidade da “comunicação” e das relações públicas, precisamente aquelas que garantem o posto na oligarquia, gere-se e fomenta-se todo um sistema de comunicação social que, subserviente, presta-se ao serviço de mandar, receber e publicar os providenciais “recados” que compõem o paupérrimo panorama público e publicado português. Desde o presidente da república até ao primeiro-ministro, sempre por entrepostas pessoas, quando não anónimas “fontes”, passando pelos gestores e administradores — hoje, em cheios de chique importado “lá de fora”, transformados oportunamente em “CEO”, “CFO” e demais siglas anglo-saxónicas —, todos tratam de publicar, através da respectiva agência e do jornalista mais amigo, a “notícia” que, por entre portas, faz chegar a picardia a quem de direito. Ainda assim, no final, todos se entendem — enquanto o povoléu, cada vez mais à rasca, paga a conta.
No entanto, e esta é a tragédia pátria, não existe uma verdadeira solução instantânea para este parasitismo oportunista. Muito pelo contrário, nele se revela uma característica fundamental do modo de existir português, ainda para mais uma que conta já com mais de quinhentos anos.»
Excerto à laia de teaser de A elite e o povo, Nuno Lebreiro no Observador
[Assinaria por baixo sem o "supostas" elites, porque estas são as elites efectivas e isso explica muito, mas não tudo. Falta explicar porque temos estas e não outras elites.]
O diagnóstico está feito há muitos séculos. O problema é que ninguém parece ser capaz de avançar com a solução.
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E mais: quando alguém se atrave a sugerir medidas, como, por exemplo, apertar os critérios de selecção dos líderes políticos, chamam-lhes logo "populistas".
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