O Estado sucial em decomposição (continuação daqui)
A semana passada perguntei-me se alguém fez as contas ao que seria o crescimento do PIB sem os fundos comunitários. A Agência para o Desenvolvimento & Coesão fez as contas para o período 2015-2023 e concluiu que os fundos recebidos nesse período contribuíram para um aumento anual médio de 1,3% do PIB. Nesse período, o crescimento médio anual (incluindo 1,8% de crescimento previsto pelo governo para 2023) é de 1,98%, pelo que sem os fundos o crescimento anual médio no período 2015-2023 teria sido 0,68%.
A insustentável leveza da sustentabilidade da Segurança Social (actualização)
Há seis meses escrevi neste semanário o seguinte:
Como o país (isto é, as pessoas com pelo menos meia dúzia de neurónios a funcionar) se deu conta a semana passada, a Segurança Social passou em poucos dias da sustentabilidade ad eternum para o descalabro anunciado - ver aqui o vídeo da CNN com as sucessivas estórias contadas pelo Dr. Costa sobre este tema desde 2018.
Para justificar que a actualização automática das pensões não terá lugar em 2023, apesar de prevista na lei, porque, segundo o governo, anteciparia em cinco anos o défice da Segurança Social, a trafulhice chegou ao ponto de as projecções da ministra das Pensões apresentadas ao parlamento a semana passada omitirem mais de 1.300 milhões de aumento das receitas resultante da inflação e a redução das despesas com o subsídio de desemprego. Sem esquecer que tais projecções contrariam completamente o relatório de 21 páginas inserto no OE 2022, apresentado pelo ministro das Finanças e aprovado há 3 meses, onde se concluiu que o Fundo de Estabilização da Segurança Social sobreviria até 2060.
Seis meses depois o Dr. Costa, apertado pelas sondagens que mostram o descontentamento geral da populaça, decidiu derramar um maná de quase 600 milhões este ano e mais mil milhões de euros no próximo ano sobre a sua freguesia de reformados, montante equivalente a uns 8% do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social que se destina a prolongar por mais uns tempos a sustentabilidade da SS que a longo prazo está comprometida.
E da freguesia de reformados o Dr. Costa privilegiou com o seu maná precisamente os pensionistas mais abonados ao aumentar-lhes as pensões acima do que resultaria das regras de actualização.
Isto já não é do domínio da demagogia, é do domínio do ilusionismo que seria barato se não fosse a carga fiscal
O Dr. Medina, o herdeiro favorito do Dr. Costa, agora no ministério das Finanças, durante a apresentação do Programa de Estabilidade 2023-2027 anunciou que irá reduzir a carga fiscal em dois mil milhões depois de o ano passado a ter aumentado mais de 11 mil milhões. Se isto é demagogia, ter dito que seria até 2027 é um insulto à inteligência dos eleitores que dela dispõem. Durante a mesma apresentação, o Dr. Medina anunciou ufano que o custo das medidas de apoio irão atingir a soma astronómica de 4,6 mil milhões, ou seja 42% dos 11 mil milhões do aumento das receitas fiscais o ano passado. Os hospitais são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros Já era há muito visível o afã socialista de acabar com a avaliação. Nas escolas a coisa já está bastante avançada, agora vão ser os hospitais públicos que deixarão de ser avaliados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), o que nas palavras do antigo presidente da ERS é «um crime político, para esconder que os hospitais em parceria público-privada (PPP) eram melhores». (Continua) |
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