09/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (48a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito e mau ambiente

O novo secretário de Estado do Ambiente vendeu a sua empresa a uma família do lóbi do lixo e está envolvido numa trapalhada de conflito de interesses explicada em pormenor no jornal Nascer do Sol (que fez disso capa). Na verdade, ainda que num país civilizado tal pudesse levar a uma demissão, no Portugal dos Pequeninos e em particular para um governo como o actual, temos de reconhecer que são trocos.

Também a nova secretária de Estado da Agricultura se viu obrigada a demitir-se por se ter descoberto que tinha contas arrestadas devido a uma investigação visando o seu marido ex-presidente da câmara de Vinhais.

Não são só os que entram, são também os que saem

Mais de uma dúzia de nomeados pelo Dr. Costa estiveram envolvidos em trapalhadas que vão desde conflitos de interesse vulgares de Lineu até à corrupção pura e dura. O que é menos comum é o surgimento de trapalhadas na saída do governo, como a da Dr.ª Rita Marques, ex-SE do Turismo, demitida em colisão com o ministro da Economia, foi nomeada para a administração da The Fladgate Partnership uma holding que controla uma empresa a que a Dr.ª Rita atribuiu o estatuto de utilidade turística. Sem surpresa, a Dr.ª Rita acha que é tudo «legítimo», apesar da evidente violação do artigo 10.º da Lei 52/2019 que regula os conflitos de interesses.

Em resumo, a família socialista tem imenso jeito para o negócio

«A ministra Mariana Vieira da Silva (…), passou do ISCTE para assessora, de assessora para adjunta, de ajunta para secretária de Estado, de secretária de Estado a ministra… os irmãos Mendes (Ana Catarina e António Mendonça, ela ministra e ele secretário de Estado) e já tivemos o casal Eduardo Cabrita e Ana Vitorino. (…) a mulher de Fernando Medina, Stéphanie Sá da Silva, filha de Jaime Silva, ministro da Agricultura durante o primeiro Governo de José Sócrates, vai ser substituída no cargo de directora jurídica da TAP por Manuela Vasconcelos Simões, que vive com João Tiago Silveira, antigo secretário de Estado de José Sócrates.» (Helena Matos no Observador)

Estado sucial, tropas-fandangas

O vice-chefe do EME escolhido pelo Dr. João Cravinho é suspeito de encobrimento de um furto de armas de uma tropa numa missão da ONU na República Centro-Africana. É uma espécie de exportação de know-how e internacionalização de Tancos.

Tentando meter mais náufragos na jangada

Perante o descalabro de nomeações de gente que adiciona défice ético e currículo criminal à habitual incompetência, o Dr. Costa propõe-se criar um «circuito entre indicação e nomeação de governantes» envolvendo várias entidades.

A mulher invisível

A Dr.ª Alexandra Reis que recebeu 500 mil euros para ir da TAP para a NAV de onde foi levada para SE do Tesouro, foi invisível para quatro entidades públicas, o administrador financeiro da TAP, três ministros e três secretários de Estado.

Take Another Plan – Um case study da administração socialista

Uma empresa falida que irá receber mais de 3 mil milhões de euros de dinheiro público, isto é, dinheiro dos contribuintes privados, torrou milhões de euros para despedir generosamente uma boa parte dos 39 directores existentes em 2015 e gasta mais milhões para pagar os actuais 63 directores.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

As filas entupidas nas urgências dos hospitais (em Lisboa tempos médios de espera de 15 horas) e as centenas de milhar de consultas e outros actos médicos por fazer explicam certamente a 15 mil mortos por ano acima da média que continuamos a ter, dos quais menos de metade por Covid. Como a falta de cuidados médicos e esse excesso de mortalidade afligem sobretudo os mais pobres, pode admitir-se que isso seja uma medida para reduzir a pobreza no país.

Ao mesmo tempo, o ministro da Saúde, em vez de se focar na melhoria das condições dos hospitais públicos, está preocupado em aplicar nas maternidades privadas «as regras muito exigentes no sector público».

(Continua)

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