04/07/2021

SERVIÇO PÚBLICO: "Gente sem força suficiente para acreditar na democracia"

«Gente sem força suficiente para acreditar na democracia, no regime das liberdades e da tolerância, fica hirta e arrepiada logo que uma afirmação sobre o Estado Novo ou a ditadura salazarista não for de mera condenação e simples insulto. Para esses frágeis democratas, estudar, sem preconceitos, os quarenta anos de ditadura é crime. Perceber por que aquele regime durou tantos anos, sem que seja apenas graças à tortura, é venal e cúmplice. Compreender as diversas fases do regime e verificar que, no universo da economia e das relações externas, houve um período de fecho e outro de abertura, é meio caminho andado para a complacência. Considerar que a adesão à ONU, a fundação da NATO e da EFTA e a adesão à OCDE foram importantes vitórias internacionais do regime é submissão às forças da ditadura. Na verdade, os vulneráveis e inseguros democratas que assim pensam consideram pura e simplesmente que o regime salazarista não deve ser estudado, deve ser condenado. Que tudo quanto aconteceu nas décadas de ditadura foi péssimo e deve ser denunciado. Que os que hoje têm uma atitude diferente são salazaristas ou mesmo fascistas. E sobretudo que todos os que com eles não concordam a propósito da política e das questões actuais, são da direita ou da extrema-direita, salazaristas e quase fascistas. (...)

Intelectualmente medrosos, inseguros, descrentes da sua própria razão, necessitam estes políticos e estes académicos de apagar o resto do mundo para fazer valer o seu. Precisam de condenar às trevas exteriores todos os que não se reconhecem nas suas ladainhas. Só vivem felizes e só se sentem à vontade se puderem crescer num cemitério de ideias e de liberdade. Não pensam, excluem. Não argumentam, ditam. Não estudam, condenam.»

Excerto de Sim, é verdade, António Barreto

2 comentários:

  1. «Intelectualmente medrosos, inseguros, descrentes da sua própria razão, necessitam estes políticos e estes académicos de apagar o resto do mundo para fazer valer o seu.»

    Mais uma vez, AB é demasiado optimista. Não são medrosos, são canalhas. Não são inseguros, são desonestos. Não são descrentes, porque nunca se tratou de acreditar no que quer que fosse. A política, para eles, não passa de uma ferramenta, de um instrumento para a conquista do poder, pelo que não é por falta de convicção ideológica que as elites nos censuram, mas sim por sentirem ameaçado o seu poleiro. É tão simples quanto isso.

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  2. Agora entendo porque A Barreto quase desapareceu do espaço publicado(ele que aparecia bastante)não é mais um acéfalo seguidor dos poderes instalados e suas doutrinas(e há demasiados).

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