Não sei se por convicção, se por conveniência, não me lembro de nenhum direitista ter, publicamente pelo menos, nos últimos 47 anos feito a limpeza da folha do Estado Novo, e, naturalmente, muito menos feito a sua apologia.
É mais um caso, vulgar na esquerda, de adopção da doutrina Somoza.
Outros "Ser de esquerda é..."
É por isso para mim um mistério a hipersensibilidade ao mero reconhecimento de que nem tudo foram desgraças durante a longa noite fassista, como foi o caso da intervenção de Nuno Palma na convenção do MEL, baseado num estudo de que é co-autor aqui citado que demonstra sem margem para dúvidas que o salazarismo fez mais para combater o analfabetismo do que a baderna da I República. Reconhecimento que, como o próprio explicou repetidamente, não se confunde com a apreciação do Estado Novo, que condenou sem ambiguidades.
E o mistério é ainda mais denso quando quem se manifesta hipersensível é alguém como o jornalista de causas / militante / comentador / analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, ufa!, Daniel Oliveira, com o dedinho espetado às supostas «teses “revisionistas” do Estado Novo» e à suposta desculpa dos seus «assassinos, torturadores e censores».
É no mínimo difícil de entender vindo de quem pelo seu percurso não mostrou indignação comparável, muito menos proporcional, perante os milhões de «assassinos, torturadores e censores» a que recorreram os regimes de que ele foi ou é admirador.
Outros "Ser de esquerda é..."
A minha grande dúvida é: não é este o filho de um poeta incógnito?
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