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Isso é a legião dos fanáticos que estão certos de serem proprietários da verdade e de encarnarem as forças do Bem – o Bem, por si só, não procura compromisso com o Mal; o Bem procura extinguir o Mal. Os fanáticos, que por definição se sentem investidos de certezas e de verdades absolutas e luminosas, travam um combate sem regras contra as pessoas que têm uma maneira diferente de ver as coisas. Não é um exclusivo português nem seremos o país mais afetado por este fundamentalismo. A sociedade está hoje abaulada por vários fundamentalismos: com os animais, com a educação cívica – apareceu logo gente disposta a rasgar as vestes para defender os valores republicanos, achando que a educação cívica tem algum préstimo no que aos valores democráticos e republicanos diz respeito. Há sempre um pelotão de fanáticos a patrulhar as ruas, as consciências, a lei e as redes sociais. É assim.
(...) mas um político não é eleito para fazer macaquices para a plateia. Se o objetivo de um político é o de colher aplauso unânime então rendeu-se e está a trair o seu mandato. Um político eleito – sobretudo um deputado, mas não só – que viva para o aplauso e para adular os eleitores, e que só pense nisso e que só trabalhe para isso, traiu o seu mandato, as instituições e a República. É apenas uma pessoa que tem um desvio qualquer de personalidade, com uma insegurança e uma necessidade absoluta de aplauso. Não foi para isso que a República foi instituída.»
Sérgio Sousa Pinto em entrevista ao
Jornal Económico
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