03/11/2020

Homenagear "em especial" os 30% vítimas da pandemia e em geral os 70% vítimas da incompetência

Ontem de manhã no palácio de Belém «a Bandeira Nacional foi içada a meia haste, indo primeiro a tope ao som do Hino Nacional executado pela Banda da GNR, antes de, em silêncio, ser colocada a meia adriça», como se pode ler no sítio de S. Ex.ª, o picareta falante.

«A homenagem a todos os falecidos, em especial às vítimas da pandemia da doença Covid-19» assumiu a proporções de uma farsa com uma boa dose de hipocrisia. Desde logo porque não se homenageiam mortos por terem simplesmente falecido, alguns vítimas da pandemia e a maioria vítimas da incúria e impreparação do governo.

De facto, o «estamos preparados» da ministra, ecoando o pensamento do Dr. Costa e de S. Ex.ª, revelou-se um desastre que teve como consequência a morte de quase quatro vezes mais pessoas pela falta de «100 mil cirurgias atrasadas no SNS, a que se junta um milhão de consultas nos hospitais, milhares de rastreios que ficaram por fazer, designadamente em oncologia, 17 milhões de meios e exames de diagnóstico e terapêutica, 5 milhões de consultas presenciais nos cuidados de saúde primários» (carta aberta à ministra da Saúde, da Ordem dos Médicos), do que os mortos por ou com Covid.

Por isso, a homenagem além de despropositada, quando declarada em especial às vítimas da pandemia, é ofensiva para as famílias da maioria dos que morreram pelo colapso do SNS que resultou
  • da redução do horário de 40 para 35 horas que o aumento dos efectivos não foi suficiente para compensar 
  • de cinco anos da cativações e desinvestimento nos equipamentos 
  • da fixação da ministra, que diz trautear A Internacional quando está ansiosa, em recusar recorrer aos «privados»,
  • da ausência de uma estratégia clara, da falta de planeamento e da consequente improvisação errática do governo 
  • e, last but not least, da incompetência na gestão dos recursos humanos e materiais.

1 comentário:

  1. Bom dia. Já que o Senhor (im)Pertinente gosta muito de partilhar os textos da tontinha que dá pelo nome de Rita Carreira, deixou-lhe aqui a opinião de uma luso-descendente bem mais inteligente:

    https://observador.pt/opiniao/a-eleicao-americana-e-uma-luta-de-ideias-nao-de-candidatos/

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