Expresso, CE 25-07-2020 |
À segunda vista a coisa parece menos promissora. É verdade que Portugal irá receber 57,9 mil milhões (mM) em 10 anos, mas apenas 15,3 mM serão subvenções e quase 3/4 serão empréstimos que terão de ser reembolsados. Aliás, para sermos rigorosos, até mesmo as subvenções que saem do orçamento comunitário terão de ser financiadas por contribuições de todos os países, incluindo os beneficiários.
Acresce que estamos a falar de valores brutos, sem descontar as contribuições para o orçamento comunitário. Se compararmos com o período de 20 anos de 2000 a 2020, Portugal recebeu um valor líquido de 51,8 mil milhões equivalente a uma média anual de 2,5 mM superior em quase 40% à do Plano de Recuperação Europeu.
Durante esse período de 20 anos a dívida pública aumentou de 70 mM para mais de 260 mM, ou seja um incremento de 190 mM e nos últimos 10 anos teve um incremento de 80 mM que foram torrados com o resultado conhecido. Também em 10 anos, da bazuca sairão 40 mM de empréstimos ou seja metade do incremento líquido da dívida pública nos 10 anos anteriores.
Se considerarmos que nos últimos 10 anos o crescimento do PIB foi positivo, apesar de medíocre (média anual de 0,5%), enquanto que, na estimativa super-optimista do governo, o PIB cairá este ano 9%, ou seja quase o dobro do montante das subvenções para os próximos 10 anos, temos de concluir que a salvação pela bazuca é puro pensamento milagroso, de resto, uma especialidade socialista.
(Continua)
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