Rita Rato foi nomeada directora do museu do Aljube pela empresa municipal EGEAC da qual depende o museu. É licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais e não tem «formação superior adequada à função (preferencialmente na área de história política e cultural contemporânea); Experiência em funções similares (preferencialmente na área dos museus); Experiência em programação e produção de exposições».
Muita gente, incluindo o (Im)pertinências, suspeitou que uma nomeação de uma pessoa inadequada, por acaso ex-deputada e dirigente comunista, por uma empresa de uma câmara cujo presidente é tido publicamente como o candidato preferido de António Costa à sua sucessão, fosse o pagamento de favores políticos passados ou futuros do PCP ao PS, dos quais a história recente da geringonça nos dá vários exemplos.
Acresce que a inadequação do perfil era ainda mais visível porque sendo um museu de história e documentando a luta pela democracia (e não apenas contra o salazarismo, visto que muito anos antes de Salazar já o Aljube hospedava presos políticos, incluindo durante 1.ª República) a pessoa em causa tinha publicamente declarado nunca ter ouvido falar do Gulag soviético e das prisões políticas na China. Repare-se que não se trata de Rita Rato justificar os crimes dos comunismos soviético e chinês com o bem dos respectivos povos ou da humanidade, o que revelaria imbecilidade ou hipocrisia. Trata-se de ter declarado «não sou capaz de responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso», o que revela ignorância histórica.
Face a isto, o que carece de ser explicado é porque foi escolhida uma pessoa inadequada de vários pontos de vista. Pretendendo defender a escolha de Rita Rato, em vez de argumentar porque foi escolhida, Daniel Oliveira, jornalista de causas / militante / comentador / analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, com o saber adquirido em tão longo percurso político e com grande falta de vergonha passa por cima do perfil referido no aviso de recrutamento, inverte pouco subtilmente a questão e derrama em três páginas A4 argumentos para justificar que não havia nenhuma razão para não a escolher pelo facto de ser comunista. É o argumento vitimizante típico de um comunista.
Não haverá comentários úteis quando o que foi escrito é límpido.
ResponderEliminarO meu comentário, inútil, é para que conste que vós tendes classe.
No vosso texto escrevem «o que carece de ser explicado...»
ResponderEliminarTá visto que é feminismo do mais honesto: Dar razão a Françoise Giroud.
Abraço