13/04/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (27) - Em tempo de vírus (V)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Mestres do ilusionismo

Jura Nelson de Souza que «não vamos deixar cair nenhum grande investimento». Isto dito por um ministro do Planeamento de um governo que nas vacas gordas orçamentou o ano passado 4.853 milhões de investimento público e executou menos 900 milhões, só mesmo o Expresso pode levar a sério.

Nomeadamente, diz-nos ainda o semanário de reverência, que o «Ferrovia 2020 tem 69% do investimento em marcha». Como os restantes 31% ainda estão na fase de projecto, supõe-se que os 69% em marcha significam que já existe projecto, daí até à obra mover-se com a economia parada é precisa uma enorme fé só ao alcance dos crentes.

Não, isto não foi causado pelo coronavírus, foi causado pelo vírus socialista

No estudo relativo à 11.ª missão de avaliação ao pós-programa de resgate a CE são destacadas as maiores ameaças: problemas estruturais da despesa com (1) os salários da função pública (resultantes, recorde-se, das "reposições", 35 horas etc.), (2) a segurança social e (3) a despesa com saúde, problemas que tornam difícil a redução de uma dívida pública cujo rácio é um dos mais elevados do mundo. A quarta ameaça são os riscos para a estabilidade financeira com o aumento do crédito hipotecário e ao consumo. Com as consequências das medidas em curso para conter a pandemia tudo isto é história que apenas devemos recordar para concluir que partimos descalços para esta "guerra", como lhe chama o Dr. Costa, porque o socialismo vendeu as nossas botas.

Também as exportações já estavam a desacelerar antes da pandemia, e o défice da balança comercial de bens até Fevereiro aumentou 170 milhões para 1.547 milhões.

É claro que também não teve a ver com a pandemia a última queda da taxa de poupança das famílias para 6,7% do rendimento disponível, que compara com 13,0% da Zona Euro. Como disse o honorável capitalista Warren Buffett, é quando a maré baixa que se vê quem tem calções e no nosso caso nem cuecas, só talvez uns testículos mirraditos.

A contabilidade viral está infectada

Já sabíamos que o socialismo não produz grandes contabilistas (abro uma excepção para o Dr. Centeno, sem ofensa). Até na contagem das mortes pela pandemia as contas não batem certo, acusam os autarcas que se queixam da ministra ter dado instruções para não lhes serem informamos os dados do concelho. E o que dizer à dispensa de autópsia nos casos em que houve um teste positivo o que significa que se um doente terminal com cancro foi infectado com Covid-19 a morte é atribuída à pandemia? Esperemos que uma criatura infectada morta em acidente de viação não seja incluído nas mortes por Codiv-19.

E o que dizer ao chumbo (pela coligação PS e PS-D) da proposta do Iniciativa Liberal para serem divulgados dados anonimizados das vítimas da pandemia para estudo da comunidade científica? Há alguma coisa a esconder?

«Estamos preparados»

Recordam-se do percurso das máscaras desde darem uma «falsa sensação se segurança» até talvez serem recomendáveis, mas ainda não se sabe? O que se sabe é que desde Fevereiro a OMS alertou para a falta de máscaras e outro equipamento de protecção que só em Março foi encomendado.

E a falta de ventiladores que obriga a transferir doentes, ventiladores cujo número agora se descobriu ter sido sempre superior ao número de internados nos cuidados intensivos? E as duas mil camas prometidas pelo Dr. Costa que incluíam (ou não) 500 camas num hospital de campanha que se perdeu na enxurrada das notícias?

Vamos fazer tudo, mas o tudo é poucochinho

O tudo começou com 100 milhões, continuou com 200 milhões, 2.000 milhões, 9.200 milhões, 10 mil milhões e por último 13 mil milhões, mas receio estar perdido nos anúncios. Quanto a garantia às empresas para pedirem empréstimos, parece que é a mais baixa entre 11 países analisados.

E nós, que segundo o Sr. Presidente, «somos os melhores dos melhores» como ficamos no concurso do Euromilhões? Pois parece que mal, ora confira-se o ensaio de Abel Mateus «Os pacotes orçamentais em tempos de pandemia: estaremos a fazer o suficiente?»

Antecipações e anunciações

O Sr. Presidente, nos intervalos de nos classificar como melhores dos melhores, em concurso com o Dr. Costa para ver quem faz mais anúncios enfiou o capacete de ministro da Educação e antecipou que as escolas não reabrirão em Abril.

Os ricos que paguem a crise

Foi isto que nós aprendemos, teria dito o Sr. Eng. Sócrates, se ainda por cá andasse no lugar dos seus discípulos, como disse em relação à dívida que não era para pagar. E os ricos disseram emprestamos mas não pagamos. E o acordo, anunciado em grande pose de estadista pelo Dr. Centeno, é mais do mesmo: usar o Mecanismo Europeu de Estabilidade para emprestar até 2% do PIB para os países financiarem os custos com a saúde e no final cada um paga a sua conta. Há também uma protecção adicional ao emprego de 100 mil milhões e um fundo de garantia às empresas de 25 mil milhões. E é tudo.

Boa Nova

Numa entrevista à Lusa, o equivalente do luso-socialismo à Novosti soviética, agora putinesca, citada pelo DN, o Dr. Costa diz-nos «podem estar seguros que não adoptarei a austeridade de 2011». Se pensarem no impacto das medidas anti-pandemia que o governo do Dr. Costa está a tomar, que no pior cenário há quem preveja uma queda de 20% em 2020, e compararem com a queda de 2% em 2011, concluirão que o Dr. Costa, contrariamente ao costume, desta vez está a dizer a verdade.

Na mesma entrevista o Dr. Costa tem o seu momento Sócrates e anuncia «que no próximo ano lectivo haverá acesso universal dos alunos dos ensinos básico e secundário à Internet e a equipamentos informáticos». Não sabemos se esse acesso universal será através do portátil «Magalhães».

Enquanto isso, o governo encarregou os pandeiretas de informarem que «já há 900 mil portugueses a receber apoios do Estado»

Agora sim, o mafarrico está a chegar

Ponto de situação (atrasado pela Páscoa): nos primeiros quatro dias 100 mil trabalhadores independentes pediram o subsídio; 552 mil trabalhadores de 22 mil empresas estão em lay-off, parte das 33 mil que já se tinham candidatado. Resultado disto e do muito que virá a seguir? As opiniões dividem-se. Segundo os economistas do Unicredit, o maior banco italiano, o PIB cairá 15% (a 3.ª maior queda ex aequo com a Itália dos 11 países considerados), o défice orçamental subirá para 11% e a dívida pública para 146% do PIB. É demasiado pessimista? Não me parece, de resto é melhor do que o cenário worst case da Universidade Católica.

2 comentários:

  1. Intimação , e intimação egoísta : estão "porividos" de se deixarem infectar pelo "bicho" - é que o meu dia começa pela vossa leitura ( não leio os folhetos propagandísticos que , na paróquia , passam por jornais e fujo a vários pés do telelixo ) , pelo que Vossências são a minha muito "reliable" fonte informativa.
    Cpmts - e continuação da Saúde e do saudável espírito crítico, e lúcido, a ela associado.

    J.J. Pereira

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  2. "o Dr. Costa diz-nos «podem estar seguros que não adoptarei a austeridade de 2011»"
    Claro que não! A nova austeridade será a de 2020-2021, e não vai ser o Dr. Costa a aplicá-la porque, tal como o "44", por essa altura já se terá posto na alheta.
    Quem vai aplicá-la, "patrioticamente" (...há sempre um tonto para a corda do sino...), será o Dr. Rui Rio.
    Quando a história se repete, da segunda vez é uma tragédia, certo? Isso significa que na vez seguinte vamos rir até fartar. (Não quis terminar sem uma nota de esperança, como diria o Caga-Tacos...)

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