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Agora que o Covid-19 está controlado na China, continuará a propagar-se fora da China à mesma velocidade de que até agora? O número de infectados por uma pandemia segue tipicamente uma curva denominada logística ou curva em "S", como a do gráfico seguinte.
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O número de novos infectados aumenta exponencialmente numa primeira fase que se pode dividir em duas subfases: a primeira de aceleração (2.ª derivada positiva) em que aumenta o incremento diário do número de novos casos e a segunda de desaceleração (2.ª derivada negativa) em que o número de novos casos continua a aumentar mas cada vez menos. Essa primeira fase termina no ponto de inflexão (1.ª derivada nula) quando o número de novos infectados começa a diminuir (1.ª derivada negativa).
As medidas de contenção não alteram o tipo de curva apenas a "comprimem" prolongando-a no tempo, o que em si mesmo é uma consequência negativa a que se junta o facto de diminuindo o número de infectados reduz-se a imunidade favorecendo novos surtos e possivelmente adiando algumas mortes. É o preço de se reduzir agora o número de mortes e conter o colapso dos serviços de saúde provavelmente incapazes de lidar com todos os casos na estratégia free-for-all (ver diagramas mais abaixo).
Essas medidas podem ser mais duras como na China, em que todas as poucas liberdades e direitos individuais existentes foram suprimidos - leia-se aqui o relato de Pablo Godoy, um chileno que vive e trabalha em Xangai - ou mais leves como na maioria das democracias ou podem mesmo ter sido quase inexistentes, como parece ter sido o caso da Itália nas primeiras duas semanas.
Muitas dessas medidas envolvem restrições das deslocações, que são muito eficazes. Nesta altura mais de 80 países que impuseram-nas - ver mapa seguinte.
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Ou ainda podem ainda ser medidas mistas de mitigação para reduzir a velocidade de propagação e de supressão para suprimir a propagação, como no caso do governo britânico segundo a estratégia proposta pelo Imperial College COVID-19 Response Team no relatório «Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to reduce COVID-19 mortality and healthcare demand».
O Washington Post apresentou no artigo «Why outbreaks like coronavirus spread exponentiallu, and how to "flatten the curve"» várias simulações aleatórias que ilustram as diferentes estratégias e os respectivos resultados exemplificados nos diagramas seguintes.
Recovered / Healthy / Sick (Fonte) |
(Continua)
Terá dado muito trabalho fazer este post. Mas é excelente.
ResponderEliminarAbraço e nada de TB. Saúde,
ao
Vós sois os únicos que abordam estas relatividades da Vida.
ResponderEliminarQuem é que vai amealhar uns milhões com esta fábula?
Abraço
ResponderEliminarJulgo que há um equívoco no seu post: o n.º absoluto de mortos resultantes da COVID-19 está directamente ligado às medidas de contenção sem precedentes que afectam mais de metade da população mundial.
Com essas medidas, em 3 meses, o vírus contagiou cerca de 0,012 de uma população de 3,8 mil milhões de pessoas (para contabilizar apenas países onde os mortos atingem as dezenas, excluindo, por. ex., a Índia e o Canadá)e provocou 21.000 mortos, a esta data e em menos de 3 meses.
As estimativas dos epidemiologistas mais conceituados é a de que o vírus tenha, tendencialmente, capacidade para, dando-lhe livre curso, contaminar entre 60 a 80% das populações onde se expanda.
Mesmo que dividamos a percentagem mais baixa ao meio, teríamos nestas zonas do globo mais de 1 bilião de infectados, digamos que no primeiro semestre.
E mesmo que reduzamos também a taxa de mortalidade a metade (está em 4,4% a nível global), teríamos cerca de 25 milhões de mortos. Num semestre.
Não há 'gravidade relativa'. Isto é da dimensão da gripe espanhola.