Estamos em guerra?
Sim, é o que diz o governo por bocas várias, incluindo a da ministra da Saúde e até do Dr. Mário Centeno que com as suas cativações e outros expedientes orçamentais deixou o exército para esta guerra sem munições.
É normal. A história mostra que os governos quando se sentem entalados frequentemente inventam um inimigo externo, a maior parte das vezes para tentar entalar os inimigos internos.
Os ricos que paguem a crise
Vocifera em coro quase toda a nomenclatura do regime, invocando as supostas obrigações de solidariedade da Óropa para com o Portugal dos Pequeninos e exigindo coronabonds. É uma espécie de reedição do mote maoista do PREC os ricos que paguem a crise.
O Dr. Costa entrou no coro como solista no papel de “pedinte mal criado”, engrossou a voz e apelidou de «repugnante» o discurso do ministro das Finanças de um dos ricos que, diz o Dr. Costa, defendeu que se deveria averiguar o que andaram os pedintes a fazer com o dinheiro durante de 6 anos de crescimento da Zona Euro. Pela parte portuguesa respondi aqui: o Dr. Costa gastou-o em acções da mais pura solidariedade socialista para promover o bem-estar da sua freguesia eleitoral.
Temei que os vossos desejos se realizem
Temo que os que vociferam as obrigações de solidariedade da Óropa para com o Portugal dos Pequeninos exigindo coronabonds, tentando enfiar à pala da pandemia a mutualização das dívidas públicas, ainda não tenham percebido aquilo que as pessoas mais atentas já perceberam há muito. Se isso acontecer, inevitavelmente, os ricos que pagarem a crise exigirão que uma grande parte do poder político que resta ao Dr. Costa, e aos seus homólogos, transite via Bruxelas para os ricos.
O que terá várias consequências: (1) fará o Dr. Costa retornar a presidente de câmara e (2) obrigará a esquerdalhada a fazer manifs na Rue de la Loi ou na Rue Wiertz em Bruxelas, em vez de S. Bento ou Terreiro do Paço. Se for assim, talvez eu deva inscrever-me no clube dos Eurobonds.
«Estamos preparados»
Foi o que disse a Dr.ª Temido enquanto a directora-geral de Saúde ia dizendo coisas variadas que começaram por ser «não há grande probabilidade de chegar um vírus destes a Portugal», passaram por anunciar o fim do mundo com um milhão de infectados e continuaram a contar estórias da «falsa sensação de segurança» de tudo o que o DGS não dispunha ou não estava capacitada para fazer.
Há dias, o Dr. Costa confirmou, enfatizando que «até agora não faltou nada aos hospitais e não é previsível que falte». Ao dizê-lo, esqueceu o conselho de António Aleixo: P'ra a mentira ser segura / e atingir profundidade, / tem de trazer à mistura / qualquer coisa de verdade.
Foi por isso prontamente desmentido por enfermeiros, que alegam não ter material de protecção, e por médicos e farmacêuticos que o acusam de mentir, perdão, dizer inverdades. E até por gargantas-fundas que denunciam a insuficiência dos testes e por autarcas que garantem que as estatísticas da DGS não são credíveis. Dir-se-à que podemos confiar tanto no autarca em causa como no Dr. Costa, mas o certo é a própria DGS já ter admitido erros e, pelo menos quanto ao Alto Minho, as contas não batem certo, como mostrou O Insurgente.
Em contrapartida, a imprensa do regime manifesta en masse a sua confiança no Dr. Costa e nas Dr.ªs Temido e Graça Costa. Esta última teve direito a uma panegírica peça do diário da manhã DN com o comovente título «Uma falsa frágil, como as orquídeas que ama».
Nas crises, os portugueses saltam para o colo do Estado Sucial
Saltam para o colo porque acreditaram nas tretas socialistas e não dispõem de almofada financeira (a poupança das famílias que já era miserável voltou a descer o ano passado). E o colo do Estado Sucial é acima de tudo a dívida pantagruélica que aumentou em valor absoluto com a despesa pública para financiar a «reposição de direitos» (35 h, carreiras, etc.) da freguesia eleitoral e o seu aumento numérico (mais 26 mil funcionários desde 2016). Enquanto o investimento pública mirrava (os 4.853 milhões orçamentados em 2019 foram menos 900 milhões) deixando a administração pública em péssimas condições para responder ao normal, quanto mais ao anormal de uma pandemia.
É nesta altura que o Dr. Centeno, mentindo como um político profissional ou talvez abalado pelo adiamento sine die da sua trasladação para o BdP, garante que tem margem para responder à crise e não precisará de orçamento rectificativo.
Já se sabia e está agora a confirmar-se que, não obstante o governo socialista e a sua geringonça serem responsáveis pela falta de meios da desgraçada resposta à pandemia, o certo é que das sondagens parece concluir-se que do Dr. Costa está perdoado. A sondagem do Expresso a semana passada mostrou que três quartos dos inquiridos têm confiança no Dr. Costa e, milagre dos milagres, dois terços acham que a Dr.ª Temido está no lugar certo.
A sondagem da Pitagórica deste fim-de-semana autoriza a dúvida sobre a confiança dos eleitores no Dr. Costa ao mostrar que os inquiridos que nunca votariam nele (33%) ultrapassam os que votariam de certeza (26%). Relativa falta de confiança que não impede os inquiridos com 41,7% das intenções de voto (um ganho de mais de 5% em relação às últimas eleições) quase darem a maioria ao PS. O PSD, sob a batuta do Dr. Rio, aspirante a parceiro do Dr. Costa, consegue o feito de ainda perder 2,5%, na companhia do Chicão que perde 1,5%. Tudo em benefício do Dr. Ventura que já vai em 8,1% das intenções do voto perto de destronar do pódio a Dr. Catarina.
Ajudas de um Estado Sucial que não tem dinheiro e tem uma dívida pantagruélica
Disse o Dr. Costa na entrevista promocional ao Público que «a existência de um Estado social não é uma despesa, mas uma condição de sucesso». Porém, encontrando-se Portugal nos últimos lugares da UE28, a ser todos os anos ultrapassado por mais um país sobrevivente do comunismo soviético, o Dr. Costa deveria ter concluído face ao manifesto insucesso que o Estado Sucial português, gerido pelas várias modalidades de socialismo, é cada vez mais só uma despesa. Admitido isso, de seguida o Dr. Costa deveria demitir-se antecipando o retorno a autarca.
E agora, face à pandemia, que o Estado Social poderia demonstrar que não é um Estado Sucial, o Dr. Costa vai anunciando sucessivas medidas ridículas que começaram por 100 milhões, continuaram com 200 milhões, 2.000 milhões, 9.200 milhões e 10 mil milhões. Enquanto isso, em países que não dispõem de Estados Suciais, o governo britânico anuncia medidas como o Coronavirus Self-employment Income Support Scheme com um subsídio mensal de 80% até £2,500 e um fundo de £210 milhões para a vacina contra o coronavírus; Trump faz aprovar medidas totalizando dois biliões de dólares, o equivalente a nove vezes o PIB português e até Bolsonaro tomou até agora medidas que representam 4% do PIB.
E quem são os ricos? perguntareis e eu respondo com o diagrama seguinte: são os azuis. O que, por casual coincidência, faz dos vermelhos os pobres, como na vida real.
Statista.com |
Temei que os vossos desejos se realizem
Temo que os que vociferam as obrigações de solidariedade da Óropa para com o Portugal dos Pequeninos exigindo coronabonds, tentando enfiar à pala da pandemia a mutualização das dívidas públicas, ainda não tenham percebido aquilo que as pessoas mais atentas já perceberam há muito. Se isso acontecer, inevitavelmente, os ricos que pagarem a crise exigirão que uma grande parte do poder político que resta ao Dr. Costa, e aos seus homólogos, transite via Bruxelas para os ricos.
O que terá várias consequências: (1) fará o Dr. Costa retornar a presidente de câmara e (2) obrigará a esquerdalhada a fazer manifs na Rue de la Loi ou na Rue Wiertz em Bruxelas, em vez de S. Bento ou Terreiro do Paço. Se for assim, talvez eu deva inscrever-me no clube dos Eurobonds.
«Estamos preparados»
Foi o que disse a Dr.ª Temido enquanto a directora-geral de Saúde ia dizendo coisas variadas que começaram por ser «não há grande probabilidade de chegar um vírus destes a Portugal», passaram por anunciar o fim do mundo com um milhão de infectados e continuaram a contar estórias da «falsa sensação de segurança» de tudo o que o DGS não dispunha ou não estava capacitada para fazer.
Há dias, o Dr. Costa confirmou, enfatizando que «até agora não faltou nada aos hospitais e não é previsível que falte». Ao dizê-lo, esqueceu o conselho de António Aleixo: P'ra a mentira ser segura / e atingir profundidade, / tem de trazer à mistura / qualquer coisa de verdade.
Foi por isso prontamente desmentido por enfermeiros, que alegam não ter material de protecção, e por médicos e farmacêuticos que o acusam de mentir, perdão, dizer inverdades. E até por gargantas-fundas que denunciam a insuficiência dos testes e por autarcas que garantem que as estatísticas da DGS não são credíveis. Dir-se-à que podemos confiar tanto no autarca em causa como no Dr. Costa, mas o certo é a própria DGS já ter admitido erros e, pelo menos quanto ao Alto Minho, as contas não batem certo, como mostrou O Insurgente.
Em contrapartida, a imprensa do regime manifesta en masse a sua confiança no Dr. Costa e nas Dr.ªs Temido e Graça Costa. Esta última teve direito a uma panegírica peça do diário da manhã DN com o comovente título «Uma falsa frágil, como as orquídeas que ama».
Nas crises, os portugueses saltam para o colo do Estado Sucial
Saltam para o colo porque acreditaram nas tretas socialistas e não dispõem de almofada financeira (a poupança das famílias que já era miserável voltou a descer o ano passado). E o colo do Estado Sucial é acima de tudo a dívida pantagruélica que aumentou em valor absoluto com a despesa pública para financiar a «reposição de direitos» (35 h, carreiras, etc.) da freguesia eleitoral e o seu aumento numérico (mais 26 mil funcionários desde 2016). Enquanto o investimento pública mirrava (os 4.853 milhões orçamentados em 2019 foram menos 900 milhões) deixando a administração pública em péssimas condições para responder ao normal, quanto mais ao anormal de uma pandemia.
É nesta altura que o Dr. Centeno, mentindo como um político profissional ou talvez abalado pelo adiamento sine die da sua trasladação para o BdP, garante que tem margem para responder à crise e não precisará de orçamento rectificativo.
Já se sabia e está agora a confirmar-se que, não obstante o governo socialista e a sua geringonça serem responsáveis pela falta de meios da desgraçada resposta à pandemia, o certo é que das sondagens parece concluir-se que do Dr. Costa está perdoado. A sondagem do Expresso a semana passada mostrou que três quartos dos inquiridos têm confiança no Dr. Costa e, milagre dos milagres, dois terços acham que a Dr.ª Temido está no lugar certo.
A sondagem da Pitagórica deste fim-de-semana autoriza a dúvida sobre a confiança dos eleitores no Dr. Costa ao mostrar que os inquiridos que nunca votariam nele (33%) ultrapassam os que votariam de certeza (26%). Relativa falta de confiança que não impede os inquiridos com 41,7% das intenções de voto (um ganho de mais de 5% em relação às últimas eleições) quase darem a maioria ao PS. O PSD, sob a batuta do Dr. Rio, aspirante a parceiro do Dr. Costa, consegue o feito de ainda perder 2,5%, na companhia do Chicão que perde 1,5%. Tudo em benefício do Dr. Ventura que já vai em 8,1% das intenções do voto perto de destronar do pódio a Dr. Catarina.
Ajudas de um Estado Sucial que não tem dinheiro e tem uma dívida pantagruélica
Disse o Dr. Costa na entrevista promocional ao Público que «a existência de um Estado social não é uma despesa, mas uma condição de sucesso». Porém, encontrando-se Portugal nos últimos lugares da UE28, a ser todos os anos ultrapassado por mais um país sobrevivente do comunismo soviético, o Dr. Costa deveria ter concluído face ao manifesto insucesso que o Estado Sucial português, gerido pelas várias modalidades de socialismo, é cada vez mais só uma despesa. Admitido isso, de seguida o Dr. Costa deveria demitir-se antecipando o retorno a autarca.
E agora, face à pandemia, que o Estado Social poderia demonstrar que não é um Estado Sucial, o Dr. Costa vai anunciando sucessivas medidas ridículas que começaram por 100 milhões, continuaram com 200 milhões, 2.000 milhões, 9.200 milhões e 10 mil milhões. Enquanto isso, em países que não dispõem de Estados Suciais, o governo britânico anuncia medidas como o Coronavirus Self-employment Income Support Scheme com um subsídio mensal de 80% até £2,500 e um fundo de £210 milhões para a vacina contra o coronavírus; Trump faz aprovar medidas totalizando dois biliões de dólares, o equivalente a nove vezes o PIB português e até Bolsonaro tomou até agora medidas que representam 4% do PIB.
"Há 59 anos - precisamente no ano em que o actual primeiro-ministro nasceu - o então primeiro-ministro Oliveira Salazar enfrentou uma guerra verdadeira em várias frentes, que se prolongou por 13 anos, e nunca pediu dinheiro a ninguém.
ResponderEliminarAgora, o primeiro-ministro António Costa enfrenta apenas uma espécie de guerra e, ao fim de suas semanas, já anda de mão estendida."
Pedro Arroja, Blog "Portugal Contemporâneo", 27/3/20.