16/02/2020

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Da próxima vez não vai ser diferente

«A saga da venda do EuroBic, em que, mais uma vez, aparentemente nenhum capital nacional quis (ou pôde) tomar posição, mostra o estado de Portugal. Sabemos que a origem da posição no EuroBic era estrangeira, e assim continuará a ser. Os portugueses passaram a ser espectadores (e comentadores) das operações de capital feitas por não residentes. 

É o que somos. Nem donos somos do que existe na nossa terra ... 

Talvez quando as SAD dos clubes de futebol deixarem de ser dos nacionais os portugueses percebam bem o caminho que escolheram ao evitar a poupança, escolhendo o consumo e o endividamento. 

Quando olhamos para a composição do PIB na óptica do rendimento, percebemos bem qual a razão da situação: vendemos as posições de capital e por isso a remuneração do capital esvai-se para fora, apenas restando cá os salários. E mesmo esses, à medida que os fluxos de emigrantes forem aumentando (porque precisamos deles para trabalhar e procriar, porque nós não o quisemos), a saída de muitos desses rendimentos também se escoará. 

Vendemos empresas e vão-se os lucros em dividendos. Pedimos emprestado a estrangeiros, que nos financiam porque nós não poupamos, e vai-se o juro para o exterior. E agora até vendemos os imóveis a não residentes, e escoam- se para fora as rendas dos mesmos! 

A posição de investimento internacional degradou-se continuamente nas últimas duas décadas, mostrando que dependemos cada vez mais de fora. Mas curiosamente, apesar do saldo entre activos e passivos sobre o exterior se ter agravado, os activos aumentaram, mostrando que quem vendeu muito provavelmente aplicou o dinheiro fora. Entre o 1º trimestre de 2016 e o 3º trimestre de 2019 os activos sobre o exterior aumentaram €43 mil milhões, isto é, 25% do PIB! Nem em nós acreditamos?»

João Duque no Expresso

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