Era uma vez um rapaz farto do nome que lhe tinham prantado. Desde pequenote, na escola e em todo o lado, quando o chamavam pelo nome todos se riam.
Quando fez 18 anos tomou uma decisão: vou mudar de nome, disse para si próprio. No dia seguinte dirigiu-se ao registo civil, tirou a senha e aguardou pacientemente na fila que dava a volta ao quarteirão.
- O que é preciso para mudar o nome - perguntou quando chegou a sua vez ao funcionário que falava distraidamente com o colega do lado sobre a próxima greve.
- Não se pode mudar o nome a não ser por casamento ou por o pai ou a mãe o terem reconhecido depois do registo do nascimento - respondeu com maus modos o funcionário, enquanto tirava cera do ouvido com o dedo mínimo e limpava a unha com um canivete suíço.
- Mas eu tenho um nome horrível. Toda a gente goza comigo - disse atormentado e com lágrimas nos olhos.
- Não pode mudar e se pudesse mudar teria de pagar os emolumentos - esclareceu o funcionário, enquanto extraía um macaco do nariz.
- E quanto seria? - perguntou desconsolado o rapaz.
- Duzentos euros - disse, enquanto perguntava a si próprio quando é que o miúdo se iria embora para ir aos sanitários fumar um charro.
- Pronto, desisto. Já percebi que tenho de ficar com este nome horrível.
- Ah, também pode mudar o nome se mudar de sexo e até li no jornal que vai ser grátis - acrescentou o funcionário, perguntando - afinal qual é mesmo o seu nome?
- João Penetra Murcho - respondeu com um soluço,
- OK, percebo-o. E o novo nome seria João quê? - perguntou, condoído pelo desgosto do rapaz.
- Não seria João. Seria Pedro. Penetra Murcho é de família.
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