Mal acabei de ler o artigo de opinião "Um terço da Suécia" de Sérgio Sousa Pinto no Expresso de sábado (sem link disponível) resolvi digitalizá-lo com reconhecimento de caracteres para o publicar hoje como texto aqui no (Im)pertinências, e não sábado quando o digitalizei - por regra difiro a publicação do publicado. Poderia subscrever quase tudo e vindo de um socialista (com um passado de causas fracturantes é certo) mereceria uma transcrição completa.
Porém, se Sousa Pinto me tirou palavras da boca, Bernardo Blanco de O Insurgente tirou-me o post do blog porque resolveu ele próprio, e bem, publicá-lo hoje aqui. Ainda assim, não resisto a citar a parte mais lúcida e crítica do socialismo provinciano dominante no Portugal dos Pequeninos. Aqui vai à guisa de teaser:
«Ora, em 2020 ainda se encontram socialistas que falam do sector privado como sector dos “negócios” com um esgar de repulsa. O sector público, instituído em nome do bem geral, é ontologicamente superior ao mundo dos negócios, da cobiça, da acumulação e da exploração. Nesta mundivisão, o atraso português deixa de existir e é substituído pelo atraso “nos direitos” dos portugueses face aos outros povos com os quais (felizmente) persistimos em comparar-nos. A diferença é toda. O progresso nos “direitos”, espalhafatosamente materializado em conquistas cada vez mais simbólicas ou pífias, num cortejo de bombos e cantigas de embalar, carece de recursos, a obter, forçosamente, “onde se estão a acumular”.
As classes médias cada vez gozam de mais “direitos” e subsidiações, para (alegadamente) acederem a bens e serviços que noutros países pagam tranquilamente do seu bolso, porque a punção fiscal é menos esmagadora. A fantasia dos “direitos” domina a boca de cena, e a política — da extrema-esquerda à extrema-direita — é uma grande feira de “direitos”, propostos por demagogos de todas as persuasões. Cada vez mais distante está o problema do atraso português, “the sick man of Europe” da Europa Ocidental, agora disfarçado pela chegada à União Europeia de países muito mais pobres e muito mais martirizados pela história.»
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