Outras preces
No encerramento da sessão solene de abertura do ano judicial, uma cerimónia tão excitante como um funeral com a presença das figuras de cera da justiça do Estado Sucial, S. Ex.ª o PR, mostrando um grande sentido de oportunidade, elaborou sobre a dignificação dos magistrados e o «prestígio social da justiça» que na sua visão se atingirá aumentando-lhe os réditos que já excedem os do primeiro-ministro.
Ao contrário, S. Ex.ª entende que em relação às tenças dos «titulares de órgãos de soberania de base electiva» o que em presidencialês significa os deputados, os autarcas, etc., «é indesejável o reajustamento».
É mais um dos típicos equívocos presidenciais, pois que, do ponto de vista dos resultados da justiça, por um lado, e da produção legislativa e da governação, por outro, nenhuma dessas classes corporativas justifica qualquer reajustamento a não ser uma redução das tenças. Acontece, porém, que os magistrados já são soberbamente bem pagos e com os salários que se pagam aos políticos atraem-se principalmente imbecis, chico-espertos a trabalharem para o futuro e corruptos a trabalharem para o presente, ou, no plano do pensamento milagroso, ricos com espírito de missão.
Em consequência o que S. Ex.ª propõe é que fique tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.
Em tempo: então S. Ex.ª, segundo a jornalista porta-voz, não iria fazer de quase morto até às eleições? Sabendo-se que estar quase morto é o contrário de estar quase vivo, parece que S. Ex.ª não consegue de todo manter o recato. Lá se vai o meu voto prometido se S. Ex.ª ficasse quase morto.
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