O realizador João Nuno Pinto confessou ao
Público que Mosquito, o seu segundo filme, apresentado ontem na abertura do festival de Roterdão, «
é uma forma de me redimir por ser filho de colonizadores».
Devemos relevar este propósito redentor de expiar a culpa dos pais colonizadores, por várias razões. E uma delas é que o mesmo jornal, precisamente no mesmo dia,
anunciava que Fellini «
vai estar no centro da programação da 13.ª edição da Festa do Cinema Italiano, que terá lugar de 1 a 9 de Abril».
Não será preciso explicar quem foi Federico Fellini, e não deveria ser indispensável lembrar que é italiano, nascido em Rimini, o que faz dele um descendente dos colonizadores romanos da Lusitânia. Por coincidência, foi no fórum de Rimini que Júlio César apelou às legiões depois de ter atravessado o Rubicão.
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A morte de Viriato, um herói da luta anticolonial, de José de Madrazo |
É aqui que entra o Mosquito, João Nuno Pinto e a sua superioridade moral e da sua obra sobre um Fellini que em nenhum do seus filmes expiou a culpa das legiões romanas pela ocupação da Lusitânia, o massacre e escravização dos lusitanos, o que deveria e poderia muito bem tê-lo feito, por exemplo no auto-biográfico Otto e mezzo, em vez de celebrar as abundantes bundas e gloriosas tetas, como fez em muitos dos seus filmes, por exemplo em Amarcord,
aqui devidamente evocado pelo outro contribuinte.
Pura indigência intelectual , o que mais que justifica ( e reforça...) a sua burocrática condição de "Artista do Regime".
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