«Em Angola, a nova elite foi defendida, durante décadas, por um exército de ocupação cubano, contra a revolta da maioria da população. O aspecto do poder do MPLA como um poder colonial não podia ser mais claro. Por vezes, culpava-se disto tudo a Guerra Fria ou a África do Sul. Mas o fim do apartheid e da União Soviética não mudou o carácter autocrático do regime angolano. Ajudou apenas a esclarecer os objectivos dos novos donos de Angola: em vez da construção de sociedades marxistas-leninistas, o enriquecimento pessoal, com a colocação das fortunas a resguardo no Ocidente. Há quem, para explicar estas tragédias, argumente que as populações das antigas colónias não estavam ainda em condições de formar nações. Já era esse o argumento dos defensores europeus da colonização. Mas de uma coisa podemos estar certos: estas cleptocracias não estão certamente a preparar ninguém para a maioridade cívica. É esta a história por detrás dos Luanda Leaks: a de uma descolonização por fazer.»
Uma descolonização por fazer, Rui Ramos no Observador
A esta luz, a exposição do esquema empresarial da "Princesa" Isabel dos Santos, fundado na extracção de recursos públicos, é uma consequência da disputa do acesso a esses recursos entre as cliques que dominam o Estado angolano.
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