Confesso, tenho a maior desconfiança da invocação de grandes princípios a propósito de pequenos fins. É o caso da reacção de alguns políticos, juízes e juristas às reformas apresentadas pela ministra da Justiça para combater a corrupção, uma praga endémica neste país, potenciada pelo colectivismo que caracteriza a ética frouxa dominante cá do burgo.
Acresce que a corrupção é uma prática profundamente classista: é mais raro ver um pé-descalço envolvido em actividades de corrupção do que ver um lince da serra da Malcata e, se essa raridade ocorre, já alguém viu algum advogado dos que costumam defender as elites merdosas representar um arguido teso e usar as emperradas engrenagens judiciais com recursos até ao Supremo?
Não vou escalpelizar o assunto, que é tema que não domino. Vou remeter para dois artigos de Luís Rosa, um que explica as reformas propostas e outro que desmonta os argumentos para as recusar.
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