Apreciamos a liberdade da nossa imprensa
Depois do caso do lítio que o programa "Sexta às 9" da RTP, o canal governamental, foi forçado a apresentar só depois das eleições pela directora Maria Flor Pedroso, prima do Dr. Costa (cá está, outra vez, a grande família socialista), temos o caso do Instituto Superior de Comunicação Empresarial, onde lecciona Maria Flor Pedroso, e de cuja proprietária é amiga (lá está, os amigos são uma espécie de prolongamento da família), a quem avisou e aconselhou sobre as investigações inconvenientes da jornalista Sandra Felgueiras (uma metediça, está visto).
Não fora o movimento (lá está, espontâneo) de 113 indignados jornalistas que se mobilizaram num abaixo-assinado (lá está, o abaixo-assinado como arma de luta), e a directora da RTP e prima do Dr. Costa estaria ameaçada de ser injustamente impedida de continuar a exercer o seu múnus patriótico. Logo agora, que o primo Dr. Costa destacou o antigo administrador da RTP, dono de um fornecedor de conteúdos para RTP e seu fiel amigo (lá está, os amigos são para as ocasiões) para a secretaria de Estado dos Mídia onde se prepara para lançar uma «campanha de sensibilização» para educar os jornalistas a produzirem e os leitores a consumirem informação rigorosa (lá está, a coisa já tinha sido pensada por Eric Arthur Blair quando imaginou o ministério da Verdade).
É uma vergonha pretender proibir a palavra vergonha
Talvez cumprindo a sua vocação de grande educador do povo, o Dr. Ferro Rodrigues com o seu chapéu de segunda figura do Estado Sucial admoestou e ameaçou o deputado do Chega por usar as palavras «vergonha» e «vergonhoso» demasiadas vezes a propósito da governação do Dr. Costa o que, no seu entender, significava «desprestigiar as instituições democráticas».
É muita ousadia para quem já esteve «cagando para o segredo de justiça» e pertence ao grupo parlamentar socialista cujos deputados já usaram 259 vezes a palavra vergonha só na última década.
O tiro ao Centeno tornou-se o desporto oficial
No primeiro mandato o bode expiatório foi o governo "neoliberal" papel que passados cinco anos já prescreveu. Foi preciso, portanto, encontrar um substituto. Está encontrado e, por coincidência, é o herói do primeiro mandato - o Ronaldo das Finanças. Não apenas os seus colegas de governo sopram dissidências para os jornalistas amigos como até a Dr.ª Ferreira Leite, uma antiga ministra das Finanças, classificou de «faz de conta» o orçamento e exortou os colegas do Dr. Centeno a verem-se livres dele, mostrando que não apenas faz o serviço socialista quando o PS está na oposição, como mostrou durante os 4 anos do governo do seu partido, mas igualmente quando o PS governa. O Dr. Costa deveria agradecer-lhe criando uma comissão para a Dr.ª Manuela presidir.
A coisa até já passou a fronteira e chegou a Bruxelas onde, numa reunião do Conselho Europeu com o Ronaldo presente com o chapéu da Zona Euro, este e o Dr. Costa se pegaram a propósito do orçamento europeu que o primeiro exaltou e o segundo detractou para espanto dos presentes que não estavam habituados a tal coisa. Até o circunspecto semanário de reverência dedica quase uma página ao tema.
Engenharia social
O governo diz estar a estudar um benefício fiscal aos jovens que saem de casa dos pais. Vale mais pela demonstração de vontade de estender a intervenção dos poderes socialistas do quarto até à sala de estar do que pela eficácia, já que uma boa razão para os filhos portugueses ficarem até tarde no ninho paterno é não disporem de rendimentos próprios susceptíveis de benefício fiscal.
«A educação é a nossa paixão»
Na crónica anterior referi que relatório do PISA 2018 trouxe boas e más notícias, mas não relevei que uma parte das boas notícias não tinha a ver com a melhoria da qualidade do ensino mas simplesmente do número de países considerados ter vindo gradualmente a aumentar de 28 no primeiro relatório para 78 no último. Os novos países adicionados têm sistemas de ensino muito deficientes ficando sistematicamente abaixo de Portugal, pelo que as pontuações médias têm vindo a baixar.
Cuidando da freguesia eleitoral
O desvelo do Dr. Costa pelos funcionários públicos, que constituem uma boa parte da sua freguesia eleitoral, ao conceder-lhes um aumento de 0,3% (mudando o critério da inflação prevista para o ano seguinte para a inflação do ano em curso), só é ultrapassado pelo seu desvelo pelos trabalhadores do «privado» ao recomendar que os seus empregadores os aumentem 2,7%, nove vezes mais.
“Em defesa do SNS, sempre”
Segundo o Eurostat, Portugal ocupa a sexta posição entre os países cujos cidadãos se consideram mais afectados por dificuldades financeiras no acesso à saúde.
O universo de pessoas que estão isentas das taxas moderadoras na saúde abrange todos os agregados familiares com rendimento médio mensal menor do que 653 euros e uma longa lista que vai desde os desempregados até jovens até 18 anos, passando por mais de uma dezena de situações. Nestas circunstâncias, anunciar o fim das taxas moderadoras na saúde até 2023 e perder 150 milhões de receitas que terão de sair dos bolsos dos contribuintes é pura demagogia. Como em tempos aqui escrevi, se uma família portuguesa média com 3 elementos tem 5 telemóveis, ou pelo menos 5 cartões, e gasta 50 euros por mês em comunicações, não se percebe como terá dificuldade em pagar uma consulta de medicina geral por 5 euros, que custa aos contribuintes pelo menos 10 vezes mais.
Os 550 milhões que o governo anunciou ir injectar no orçamento da SNS é um penso rápido para uma dívida que nesta altura atinge 3 mil milhões.
O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas
Com o novo regime das Parcerias Público-Privadas, a que só falta a resolução do governo conter em cada caso o nome do feliz premiado e mudar-lhes o nome para PPPA (Parcerias Públicas Para Amigos), o governo desmente quem o acusa de andar ao sabor das circunstâncias sem antecipar e planear nada. De facto, para um partido cujos governos lançaram até agora 31 das 34 PPP, das quais 28 com custos para o Estado, mostra bem ao alterar o regime que está a pensar no futuro.
«Temos resultados, temos contas certas»
As contas certas consistem em diferenças entre orçamento e execução de mais 680 milhões em salários e 300 milhões em pensões e de 1.200 milhões a menos de investimento público até Outubro (Institute of Public Policy).
Não temos contas certas e além disso não temos transparência, como concluiu o Conselho Económico e Social no seu parecer sobre as Grandes Opções do Plano 2020-2023 que critica a inexistência de informação sobre os investimentos bem como a falta do cenário macroeconómico. Pudera, se existisse informação, seria mais difícil escamotear os menos 1.200 milhões.
Correndo bem, é nossa realização. Correndo mal é problema deles… ou da seca
Para um governo que, pela boca do entertainer do Ambiente, anuncia ufano «somos um país que lidera no mundo» na redução de emissões, descer oito lugares na tabela do Índice de Desenvolvimento das Alterações Climáticas descarta-se porque 2017 foi o ano da seca.
As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu
O célebre princípio do Eng. Sócrates, não se aplica só às OT e aos BT. Também os beneficiários da ADSE estão a ser reembolsados com cada vez mais atraso que já atinge 90 dias.
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
Ao ritmo de dois milhões por hora (incluindo o horário nocturno...), o maior desde 2010, as famílias portuguesas continuam alegremente a endividar-se. Ao mesmo tempo, as entradas de grana dos vistos gold - um dos manás que ajuda à exuberância consumística - caíram para metade este Novembro face ao do ano passado.
Entretanto, com a produtividade estagnada e o desemprego praticamente nos mínimos, o crescimento, que até agora tem sustentado pelo aumento da população activa, tem mais perspectivas de desacelerar do que de acelerar.
Já vimos este filme várias vezes
É nesse cenário de fraco crescimento que o comportamento da balança comercial começa a fazer lembrar os tempos anteriores à crise.
Jornal Eco |
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