Questionava-se recentemente o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto «onde está o celebrado território programático da convergência histórica das esquerdas?» e respondendo «a 'geringonça' apareceu para suprimir uma ilegitimidade. Suprimida a ilegitimidade, supriu-se a 'geringonça'».
Está Sousa Pinto duplamente equivocado. «O celebrado território programático da convergência histórica das esquerdas» foi encontrado na posição comum de retirar a palavra a dois partidos recém chegados ao parlamento Chega e Iniciativa Liberal nos debates quinzenais, nas interpelações ao Governo e no debate sobre o estado da Nação, invocando o regimento que na legislatura passada havia sido excepcionado para o PAN.
Não foi, portanto, suprimida a geringonça. Foi apenas suspensa.
Então e o Livre vai poder intervir? Não, não vai, mas trata-se um dano colateral. Por receio do escândalo, a geringonça renascida não teve tomates e deixou o Livre no mesmo saco do Chega e do Iniciativa Liberal.
E, por falar em saco, lembrei-me de Américo Duarte, o deputado único da UDP, uma organização estalinista actualmente integrada no Bloco de Esquerda que hoje pelo mesmo critério também seria silenciada. Costumava Américo Duarte, por alturas do PREC, referir-se ao parlamento como «saco de caranguejos» e «ninho de lacraus», expressões um tanto exageradas mas uma boa descrição para o parlamento actual substituindo a preposição «de» por «com».
Surpreende-me a pouca visibilidade dada ao significado óbvio de tamanha atitude: a esquerda portuguesa, TODA, pela-se por censurar tudo o que seja oposição e já nem se preocupa em disfarçar esse seu tique genético.
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