Mais trumpologia.
«Our analysis of polls and election results suggests that President Trump’s Electoral College advantage may be even larger than it was in 2016» concluiu o New York Times.
A infelicidade que é para os americanos terem um narcisista demagogo como presidente, com um provável segundo mandato à vista, deve-se menos aos seus admiradores do que aos seus detractores que inspirando repugnância àqueles a quem Hillary Clinton chamava deplorables inspiram complacência em relação ao Donaldo. O próprio NYT para isso contribui com as suas constantes notícias e duas ou três newletters diárias obsessivamente focadas no Donaldo, verdadeiros exercícios de double-standards.
«(...)deve-se menos aos seus admiradores do que aos seus detractores que inspirando repugnância àqueles a quem Hillary Clinton chamava deplorables inspiram complacência em relação ao Donaldo»
ResponderEliminarComo alguém que -sem qualquer hesitação- votaria no Presidente Trump se fosse norte-americano, posso assegurar-lhe que é mais complicado do que isso. Não é que a sua análise esteja incorrecta, mas o voto no Donaldo tem mais a ver com a falta de alternativas do que propriamente com o asco que os seus críticos nos provocam.
Há a percepção, por parte dos apoiantes de Trump, que a América e o Ocidente estão sob um ataque sem precedentes aos valores da democracia, da liberdade, da meritocracia. E apenas Trump parece revelar alguma preocupação com isso, mesmo que essa preocupação seja um engodo. O homem é demagogo e narcisista? Talvez... mas não menos do que o Obama e a Hilária, só um cego pode ter dúvidas quanto a isso. E ao menos não lhe deram um prémio Nobel só por ser preto.
Até porque nestas coisas da política, os americanos pensam exactamente ao contrário dos portugueses. Nós aqui no rectângulo associamos erradamente educação, elevação e eloquência com competência. Guterres é talvez o exemplo mais perfeito de como essa associação é um perfeito disparate, mas há outros. A forma não tem nada a ver com o conteúdo. Mas os americanos -que supostamente são burros, segundo a maioria dos portugueses- não pensam assim. O povo norte-americano, sobretudo aquele que vive longe dos centros urbanos, é naturalmente desconfiado dos bem-falantes, dos bem vestidos e sobretudo dos bem formados. Eles sabem que o contrário do populismo não é o vanguardismo, mas sim o elitismo, a presunção de saber melhor do que os outros e decidir em nome dos outros.
Claro que não há forma de as elites percebem isto, quanto mais interiorizarem-no. Um cosmopolita jamais se dignará a escutar as reservas de um provinciano, muito menos a considerá-las seriamente. Porque o provinciano será sempre um analfabruto desinformado, mesmo que o cosmopolita não faça a mais pálida ideia do quotidiano do provinciano e do autêntico inferno em que vivem as pessoas que sentem na pele as consequências das políticas iluminadas impostas pelas elites…
Que beleza este último parágrafo do anterior comentário.
ResponderEliminarÉ isto.