«Em 1995, Guterres e os seus amigos chegaram com uma ideia: a chamada Terceira Via. Em 2001-2002, tudo falhou, com o primeiro estrangulamento financeiro do Estado. Em 2003, o caso Casa Pia convenceu-os de que estavam a ser perseguidos. Em 2005, voltaram com um desígnio de controle puro e duro. Sob Sócrates, operaram à bruta. Sob Costa, tentaram ser “hábeis”. O método, com mais ou menos veludo, foi sempre o mesmo: o domínio do Estado, e o domínio do Estado sobre a sociedade e a economia. Ora, num projecto destes, o partido importa naturalmente menos do que a clique, e a comunhão doutrinária conta menos do que a relação pessoal. Daí que a sua área de recrutamento não vá além de velhos amigos, antigos protegidos, e, claro, parentes.
O nepotismo governamental define o estado da nação: uma democracia capturada por uma facção política de tipo familiar, dedicada, num tempo de estagnação mal disfarçada pela conjuntura internacional, a vincular a si os grupos de interesse instalados no Estado, nas grandes empresas, e na banca. Demasiado frágeis, as instituições e a sociedade civil não são obstáculo para este senhorio terceiro-mundista. PCP, BE e o PSD de Rui Rio já a pouco mais aspiram do que a aliar-se às famílias do poder. Enfraquecida, manietada, sem voz, a não ser a voz inorgânica das redes sociais, a sociedade aguenta. Estamos assim.»
Mais uma reflexão sobre as famílias do governo, Rui Ramos no Observador
Impossível surgir por aqui um partido como VOX.
ResponderEliminarPara isso necessita-se de um povo com carácter - e com coragem, sem temor ao terrorismo semântico.