A permanência de Tomás Correia na Associação Mutualista Montepio Geral é um case study da captura do Estado pelo aparelho socialista-maçónico. Para limpar a sua folha, Vieira da Silva transferiu a tutela da Associação para a ASF, a autoridade reguladora dos seguros, com uma lei feita à medida para garantir a Tomás Correia dois ou três mandatos tranquilos antes da reforma. Quando já não era possível evitar o escândalo, Vieira da Silva lavou as mãos chutando para a ASF a verificação da idoneidade de Tomás Correia, passando a bomba para o actual presidente nomeado pelo governo anterior (um pormenor importante) cujo mandato terminou e o seu sucessor já foi escolhido e espera confirmação pelo parlamento. A ASF recusou e bem avaliar a idoneidade porque a lei não o permite durante o período de transição de 12 anos. A explicação é claríssima e está na nota informativa publicada pela ASF na passada sexta-feira. Já agora, acrescente-se que a imprensa do regime continua a ecoar a versão do governo, em parte por preguiça e ignorância e no resto por convir ao governo tirar de cima de si a responsabilidade por manter à frente de uma associação mutualista uma criatura que se calhar deveria estar presa.
Outro exemplo de captura do Estado, desta vez por uma clique nepotista, é o controlo do governo por Costa e as famílias suas amigas.
O expediente usado pelo governo de anunciar grandiosos planos (como o Programa Nacional de Investimento 2030, uma espécie de rampa de lançamento da candidatura de Pedro Marques) trombeteados pela imprensa amiga até à exaustão e depois rapidamente esquecidos, que ninguém irá nunca verificar o seu cumprimento, faz escola. O sucessor Medina também já está anunciar planos até 2029, altura em que ele espera estar em S. Bento e o seu padrinho em Belém.
Anunciado e conseguido com a ajuda da imprensa amiga o impacto mediático, a execução do plano pode esperar sem pressas. Não faltam exemplos, como o Plano de Investimentos em Infraestruturas 2,7 mil milhões de euros anunciado em 2016 e dois anos depois só executado em 5% ou como o Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas até 2020, executado em 20%, de resto um e outro incorporados no Programa Nacional de Investimento 2030 o que permitiu anunciá-los uma vez mais como componentes deste último. Como não faltam exemplos de apoios da UE anunciados que ficam na gaveta do IAPMEI por atrasos na disponibilização da parte do governo.
Enquanto isso o Estado, a que chamam Social, paralisa e deixa de cumprir capazmente até as suas funções básicas - leia-se aqui este inventário insuspeito por um jornalista da área política do governo que inclui o episódio caricato do pagamento de pensões de sobrevivência a beneficiários mortos.
Quanto a greves, continuamos bem obrigado. Nos primeiros 45 dias deste ano há mais pré-avisos de greve do que em todo o ano passado, incluindo os magistrados do Ministério Público e o pessoal não docente das escolas, não esquecendo os eternos professores que anunciaram uma grandiosa manif nacional. A isto responde o PS pela boca do seu presidente que as greves durante o governo PSD-CDS eram justas e agora não o são, como a mesma lata com que Costa justifica as cativações e os cortes orçamentais depois de ter anunciado a viragem da página da austeridade.
Perguntar-se-à porquê tantas greves? Por duas ordens de razões: (1) as expectativas criadas pelos socialistas de uma maná celestial que seria derramado sobre a freguesia eleitoral da geringonça não foram cumpridas - nem poderiam ser sem a completa falência do Estado Sucial, repare-se que Centeno já fala como Gaspar «não há margem para mais despesa» e (2) os comunistas que controlam o movimento sindical estão a cair nas sondagens e precisam desesperadamente de uma prova de vida.
Por falar em não há dinheiro, em três anos de 2016 a 2018 deste governo socialista as cativações ultrapassaram as dos quatro anos do governo "neoliberal". No caso particular da Educação - a velha paixão de Guterres, recorde-se - o investimento orçamentado diminuiu 24% de 2016 para 2018 e em 2019 é 36% inferior ao de 2015 (fonte).
Nem por isso extorsão fiscal cessou de aumentar atingindo 71 mil milhões de euros o ano passado, aumentando a carga fiscal de 36,9% em 2017 para 37,3% do PIB em 2018. E este ano vamos pelo mesmo caminho porque em Janeiro a o aumento homólogo da receita fiscal foi 20,3%, tendo o IVA aumentado 15,9% .
Não obstante, o valor da dívida pública continua numa trajectória ascendente que o governo tenta mascarar com as manobras mediáticas do costume anunciando que 2018 fechou em 121,5% «ligeiramente acima da meta», escondendo que em valor absoluto continuou a aumentar e chutando para Janeiro a emissão de 3 mil milhões que fez aumentar de novo a dívida para 248 mil milhões.
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A isto devemos adicionar, como já referi na semana passada, o esgotamento da redução do desemprego (começou a subir em Janeiro) que não vai permitir continuar como até aqui o crescimento do PIB baseado no aumento da população activa, crescimento que para continuar exigiria melhorar a produtividade, melhoria inatingível sem aumento do investimento. Investimento que exigiria uma poupança inexistente e o desmantelamento de obstáculos em que Portugal se especializou - é o terceiro pais da UE com mais barreiras ao investimento, segundo a CE.
A crença das famílias na prosperidade prometida também parece vacilar - o indicador de confiança dos consumidores do INE tornou a descer e o Eurobarómetro da CE conclui que apenas menos de 1/3 dos portugueses acredita que a economia vai melhorar (deve ser o eleitorado do PS). E no horizonte a cinco anos o Financial Times prevê que a economia portuguesa que era a 40.ª mundial a PPC em 2000 em 2023 será a 57.ª depois do Sri Lanka e do Vietname.
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