«Por estranho que possa parecer, em Portugal, quem for suficientemente bom a parecer que é uma pessoa importante pode fazer carreira como se fosse uma pessoa importante. Não é uma coincidência que o intrujão Artur Baptista da Silva tenha passado, em 2012, por grande especialista económico da ONU, ao ponto de ser entrevistado em horário nobre por um dos mais experientes jornalistas portugueses – nós somos encandeados pelo paleio dos vendedores de banha da cobra como os coelhos são encandeados pelos faróis dos automóveis. Com frequência, em ambos os casos acabamos atropelados.
Dado que ser uma pessoa importante é mais relevante para a carreira do que efectivamente ter feito alguma coisa importante na vida, o país valoriza muito mais o penacho do que o mérito, já que o único local onde exigimos talento e provas dadas é nos campos de futebol. Não havendo relva à vista, pouco nos importa.»
João Miguel Tavares no Público
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