Outras avarias da geringonça e do país.
Para quem imagina que geringonça é um expediente inócuo para cumprir a ambição de Costa ser primeiro-ministro apesar de ter perdido as eleições, é melhor pensar outra vez. O custo para o país de cavalgar as políticas públicas socialistas erradas com as políticas absurdas de comunistas e bloquistas não se limita às parvoíces da «horrível catequese identitária», como lhes chamou Sérgio Sousa Pinto, um socialista antigo adepto das causas fracturantes que com a idade ganhou algum siso.
A redução das propinas das universidades, um osso que Costa deu ao BE para roer debaixo da mesa orçamental, é mais exemplo de uma bandeira esquerdista que beneficia as famílias com maiores rendimentos e não compensa as de baixos rendimentos para quem bolsas e alojamentos de baixo custo seriam preferíveis. Outro exemplo, ainda não consumado mas que pode por em risco a gestão privada dos cinco novos hospitais anunciados (mais uma vez) pelo governo, é o combate em nome de uma concepção soviética do Estado às Parcerias Público-Privadas hospitalares que uma vez mais se confirmaram ser a solução mais eficiente e, portanto, com mais qualidade e mais barata para os contribuintes, da gestão hospitalar: em cem hospitais os melhores são três PPP.
Cada semana que passa fica-se a conhecer mais uma trapalhada envolvendo Siza Vieira, ministro da Economia e amigo do peito de Costa. Desta vez foi a adjudicação em 2014 e 2017 em ajustes directos de contratos de um milhão de euros pela Câmara de Lisboa, no mandato do amigo Costa e do seu afilhado Medina. Saberá esta gente o que é conflito de interesses?
É mais um dos efeitos do governo da geringonça e da sua hostilidade à iniciativa privada: o relatório Ease of Doing Business do Banco Mundial coloca Portugal em 34.ª lugar, uma queda de 5 posições em relação ao ano passado e a pior posição desde 2010.
Afinal os preços da habitação em Portugal não são (não eram em 2017) assim tão altos em termos relativos na UE: as rendas representam em média 22,6% do rendimento familiar contra 23,8% na UE28.
Não vou elaborar sobre as sucessivas camadas de mentiras e meia-verdades que todo o santo dia o governo, com a preciosa passividade do comandante supremo da tropa residente em Belém, nos vem contando sobre o escândalo de Tancos. Vou apenas acrescentar mais uma noutro domínio a propósito da garantia que Centeno deu de uma redução dos impostos sobre os combustíveis, garantia que é insulto a quem sabe fazer contas, como se pode confirmar aqui.
Já a semana passada referi outro insulto do antigo Calimero agora Ronaldo das Finanças aos técnicos da UTAO a quem chamou «expertos em contabilidade nacional». A UTAO não se encolheu e mostrou a incoerência e concluiu que se está a esconder um défice maior do que o apresentado. Enquanto o Fórum para a Competitividade mostra que o governo «reduz o défice apenas na medida da redução da despesa com juros e no aumento dos dividendos» do Banco de Portugal e da CGD.
Se na preparação do OE 2019 o Ronaldo da Finanças tenta esconder a sua «experteza», na execução do OE 2018 ela torna-se mais evidente. No final do 3.º trimestre deste ano aumentou o número de entidades a ultrapassar o prazo médio de pagamento de 60 dias que subiu num ano de 7 para 12 organismos públicos e, no que respeita aos hospitais, as dívidas por pagar há mais três meses aumentaram para 859 milhões de euros em Setembro 11%. E à degradação geral do SNS junta-se a Rede de Cuidados Continuados que, até para o semanário de reverência que se especializou em camuflagem, está em risco de colapso.
Quanto à economia, multiplicam-se os sinais de que a bonança conjuntural, que se deve tanto a Costa como à minha prima Elvira, tem os dias contados. A descida do desemprego está em vias de se esgotar, aliás a taxa de desemprego até aumentou ligeiramente em Agosto, informação a que seguiu com a velocidade de um relâmpago o anúncio de que iria baixar em Setembro - se há uma área em que a geringonça é competente é no agitprop. Quanto à Zona Euro, uma parte do comboio que nos está a rebocar, a economia cresce apenas 1,7% no 3.º trimestre ao ritmo mais baixo desde o 4.º trimestre de 2016.
A esses sinais temos de acrescentar as fragilidades do nosso sector exportador em que metade das empresas exportam para apenas um único mercado e estão por isso extremamente vulneráveis a uma recessão. E a poupança das famílias, sem a qual não se investe, continua a descer ano após ano: de um máximo de 10,43% em 2009 para menos de metade (4,71%) em 2017 (Eurostat), menos da média da UE28.
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