15/09/2018

O Novo Regime das Geringonças, segundo Rio

«Rui Rio não está apenas convencido de que o PSD não voltará ao poder a não ser à boleia do PS. Parece também convencido de que a “geringonça” de 2015 fez entrar a política numa nova época, em que o poder terá de ser partilhado através de arranjos para os quais as antigas separações e incompatibilidades, herdadas do PREC e das revisões constitucionais, deixaram de ser relevantes. 

(...)

Esta transformação do regime não será feita apenas à custa dos cidadãos. Será feita também à custa da efectividade da governação. Não poderemos esperar grande coisa de governos dependentes de maiorias heterogéneas e frágeis. A tendência será para toda a gente tratar das suas respectivas clientelas à custa do Estado, e, de resto, fugir a grandes responsabilidades. No fundo, a governação de Portugal irá reduzir-se, nas suas grandes linhas, a um simples condicionamento externo, definido pelos mercados financeiros e pelas regras europeias. Viveremos assim sob a ditadura da conjuntura: quando for boa, aumentam-se as despesas; quando for má, aumentam-se os impostos. Em outros países europeus, dizem-nos que a democracia está ameaçada por “movimentos populistas”; aqui, está ameaçada pelo que temos de chamar uma conspiração oligárquica.»

Excerto de «A conspiração oligárquica», Rui Ramos no Observador

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