Com alguma surpresa, mesmo tratando-se do semanário de reverência, fiquei a saber por um artigo com um título que poderia ser uma tese («A prova do pudim ou porque o “milagre económico” de Trump afinal pode não ser tão bom») que «a economia norte-americana registou um crescimento recorde no segundo trimestre deste ano e Donald Trump veio reclamar os louros. Especialistas ouvidos pelo Expresso garantem que o milagre económico assenta no aumento do consumo». De onde, conclui-se, o aumento do consumo pode não ter bons resultados.
Porquê a surpresa? Porque sendo dominante no Expresso e na esquerda a doutrina da Mouse School of Economics, a tese da peça contraria um dos postulados mais importantes dessa doutrina, a saber: incentivar o consumo (mesmo o de bens importados) faz crescer a economia. Ora, se existe uma economia em que este postulado faz algum sentido é precisamente a americana com um imenso mercado interno e um comércio externo com um peso relativo reduzido. Ao contrário, numa pequena economia aberta de um país como Portugal em que as necessidades básicas da população estão preenchidas, o aumento do consumo dirige-se em grande parte às importações, como agora se está uma vez mais a constatar, e, portanto, incentivar o consumo é um bom incentivo para a economia dos nossos parceiros.
Se o revisionismo de Costa já tinha comprometido a aplicação a Portugal do pensamento económico da Mouse School of Economics, agora esse pensamento económico deixa também de se aplicar aos Estados Unidos. É mais uma heresia.
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