07/06/2018

A antiguidade é um posto

«Pior: a impossibilidade de despedir os funcionários públicos, em conjunto com a impossibilidade de não promover certos funcionários públicos, é uma estátua ditirâmbica à absoluta mediocridade. Um óptimo professor com 30 anos tem alta probabilidade de ganhar muito menos do que um péssimo professor com 50 anos. As chamadas “carreiras especiais da função pública” — professores, enfermeiros, polícias, militares, funcionários judiciais, ou seja, grupos de pressão que convém engraxar — beneficiam de privilégios únicos e profundamente injustos. Nessas “carreiras especiais” as progressões dependem sobretudo do tempo de serviço (ainda que nalguns casos possam existir modelos de avaliação), enquanto a progressão nas “carreiras gerais” (tal como em todo o sector privado, já agora) tem como base sobretudo a avaliação de desempenho.

Há gente que gosta de pedir “exemplos concretos” sempre que se fala em reformas estruturais, em particular na função pública. Pois aqui está um. A progressão automática por tempo de serviço, sobretudo no quadro de um Estado cada vez mais envelhecido, é um privilégio injustificável no Portugal actual. Qualquer pessoa consideraria ridículo que o número do cartão de cidadão de um indivíduo servisse para aferir a sua qualidade profissional. Mas as progressões automáticas são precisamente isso — quanto mais baixo o CC, maior o ordenado. É iníquo. É discriminatório. E é aberrante.»

 Excerto de «E acabar de vez com as progressões automáticas?», João Miguel Tavares no Público

1 comentário:

  1. O pobre do João Miguel Tavares tem que manter-se à tona rodeado de Miguel Esteves Cardoso, Manuel Loff, Frei Bento Domingues — t'arrenego..., José Pacheco Pereira, Vicente Jorge Silva, Carlos Fiolhais, etc.
    Tudo gente de QI acima de 30.

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