«Estes fracassos e descrenças deixaram o PS no governo e, mais do que isso, no centro do regime. Mas que representa o PS? É o partido que governa o país desde 1995, excepto quando não há dinheiro. É, por isso mesmo, o partido do pessoal que domina o aparelho de Estado. E é, também por isso mesmo, o partido de José Sócrates, de Manuel Pinho, e, segundo a acusação do Ministério Público, de Ricardo Salgado, que alegadamente pagava aos dois primeiros. Coisas, entre outras, que no partido uns nem consideram “reprováveis” e outros apenas “insólitas”. Em suma, este PS não está apenas no governo, no Estado e no centro das geringonças: parece estar também para além do bem e do mal.»
«O regime não se importa. E o país?», Rui Ramos no Observador
«Carlos César encheu o peito para afirmar que os socialistas estão “evidentemente interessados em conhecer o que o antigo ministro Pinho tem a dizer sobre todo este caso insólito”. Mas disse mais, e é este mais que soa a inteiramente novo: segundo César, é necessário “escrutinar todas as decisões que ele pessoalmente tomou enquanto foi governante e que se possam relacionar com a situação que lhe é imputada e que ainda não desmentiu”. Meu Deus, alguém me belisque para eu ter a certeza de que estou acordado: o PS quer analisar o comportamento de um antigo ministro para verificar se as decisões que tomou enquanto governante se podem relacionar com eventuais actos de corrupção? Uau. Estou incrivelmente impressionado. Mas, esperem... por que é que o PS não utilizou exactamente o mesmo raciocínio para chamar José Sócrates ao Parlamento?»
«Está aberta a época de tiro ao Pinho», João Miguel Tavares no Público
Novos situacionistas (Glossário das Impertinências)
Durante as quase 5 décadas que durou o salazarismo, os adeptos do «Regime», também conhecido por esses adeptos e pelos seus opositores como «Situação», eram, com toda a propriedade, chamados «situacionistas». É por isso que, igualmente com toda a propriedade, Helena Matos escreveu, referindo-se aos instalados no aparelho socialista, «os contestatários dos anos 60, são agora a Situação».
É, por isso, que também no (Im)pertinências já se tinha feito equivaler, ao menos como caricatura, o Estado Social ao Estado Novo, o Partido Socialista à União Nacional, as Juventudes Socialistas à Legião, o Socras ao Botas, ficando, por agora, ainda pendente a PIDE, que durante o marcelismo foi rebaptizada de DGS (Direcção-Geral de Segurança), um nome bastante aceitável no contexto do socratismo.
Mesmo em modo caricatural, não me parece adequado fazer equivaler homens guiados pela recta intenção com crápulas sem nível nenhum.
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