Outras avarias da geringonça.
A semana passada continuou o surto de ética republicana que contaminou o PS. As bactérias diligentes de serviço à fossa séptica socialista têm cada vez mais trabalho, não só com a operação Marquês como com os novos casos que vão surgindo ou os velhos que são desenterrados. Desde a pequena corrupção, como o caso de João Vasconcelos, antigo secretário de Estado da Indústria, que já se tinha demitido por causa das viagens da Galp e teria agora que demitir-se de novo, se ainda por lá andasse, devido a um caso com subsídios a uma empresa da mulher. Até à corrupção em média e grande escala relacionada com o Parque Escolar a que o Expresso deu a primeira página e o (Im)pertinências já há 9 anos dedicou atenção várias vezes, e está a ser investigado pela PJ e pode envolver quantias homéricas.
Finalmente foi aprovado o requerimento do PCP, com a abstenção do PS, para divulgar os créditos malparados superiores a dois milhões concedidos pelos bancos que receberam fundos públicos (a maioria deles, sendo o Santander a excepção mais notória). O mesmo governo que tentou impedir os contribuintes, que pagaram os milhares de milhões injectados na Caixa, de saber quem são os devedores inadimplentes, pretende agora dar ao Fisco a informação dos saldos superiores a 50 mil euros desses mesmos contribuintes.
Os incêndios do ano passado proporcionaram um exemplo devastador da incompetência do governo socialista sustentado pela geringonça. Proporcionaram e continuam a proporcionar com a paralisia na adopção das medidas para evitar a repetição do desastre humano e social. A dimensão da incompetência é difícil de igualar e vai desde o sistema de alertas em SMS que ainda está no limbo até às coisas mais caricatas como a falta de fatos, luvas e telemóveis e carros. Quase um ano depois do incêndio de Pedrógão a inépcia e a confusão estão instaladas - leia-se por exemplo esta radiografia. Como consequência visível, o comandante operacional da Protecção Civil após cinco meses demitiu-se. Quem não se demite é o ministro incompetente-em-chefe e amigo do peito de Costa.
É apenas um micro-caso, um pentelho como diria Catroga, mas revelador do que se passa nos subterrâneos do regime. A associação feminista Capazes, animada pela filha do antigo secretário-geral do PS e actual presidente do Parlamento, recebeu um subsídio de 73 mil euros para 18 criaturas, incluindo a incontornável Mariana Mortágua, fazerem conferências sobre a «igualdade de género» em quatro concelhos alentejanos - o que me lembrar a anedota da alentejana que depois de ver «As 50 sombras de Grey» disse ao marido para a amarrar e fazer dela o que quisesse e ele amarrou-a e foi para a pesca na barragem de Montargil com os amigos.
A saga das rendas excessivas da EDP continuou e a comissão de inquérito proposta pelo BE para investigar o tema desde dona Maria II terá muito trabalho pela frente. Curiosamente, pouca gente deve ter reparado que o maior beneficiário dessas rendas foi obviamente o maior accionista - o Estado - o qual, por acaso, também nomeou o regulador. Estado que em 2011 ainda vendeu 21,35% das acções, realizando uma bela mais-valia.
Os comunistas lá desenterraram a velha ideia de Martine Aubry, filha de Jacques Delors, ministra do Emprego e da Solidariedade entre 1997 a 2000 no governo Lionel Jospin, que diminuiu o horário para 35 horas para reduzir o desemprego e a única coisa que comprovadamente se reduziu foi a competitividade das empresas (ver aqui esta evocação). Segundo as luminárias comunistas lusitanas da redução para 35 horas resultaria a criação de 440 mil novos postos de trabalho e, consequentemente, acabaria o desemprego que está em 400 mil. Citando Daniel Bessa, poderá dizer-se que é uma proposta pouco arrojada porque se os comunistas propusessem a redução para 30 horas seriam criados 1,3 milhões de empregos, segundo a tabuada comunista. Essa hipotética redução com mais aumentos do salário mínimo, que neste momento já abrangem a terceira maior proporção de trabalhadores da UE, e uma produtividade baixa e em estagnação é meio caminho andado para o diabo chegar quando for altura.
O governo anterior foi acusado injustamente de destruir o SNS. A sua obra a este respeito está longe da obra da geringonça que além de paralisar os hospitais com as cativações fez perder 116 mil dias de greve na Saúde em 2017, um aumento de 69% em relação a 2016.
A respeito da função pública é interessante constatar que Costa prefere aumentar o número de utentes da vaca marsupial pública a aumentar-lhes os salários. No final, aumentará uns e outros mas não deixa de ser revelador que, borrifando-se para os compromissos com a CE de só admitir um por cada duas saídas, Costa privilegie o aumento da sua freguesia eleitoral. Em antecipação desta estratégia, veja-se a degradação da capacidade de resposta do SNS e no entanto, segundo o governo, existem hoje mais 1.900 médicos do que em 2015.
A ajudar ao crescimento pantagruélico do crédito, a pessoas que no primeiro tropeço da economia não terão condições de o pagar, o parlamento aprovou a dedução da Euribor negativa às taxas de juro aplicáveis aos empréstimos para compra de habitação. Isto quando os novos créditos à habitação disparam para mais de 2 mil milhões de euros no primeiro trimestre, o valor mais elevado desde 2010. É apenas business as usual, uma forma de dar hoje aos contribuintes o que amanhã lhes vai ser pedido para resgatar os bancos.
No meio das boas notícias que os mídia do regime difundem, surgem de vez em quando factos dissonantes, como a redução da percentagem das empresas que cumprem os prazos de pagamento, ou a estagnação em Março do volume de negócios da indústria, ou a queda de 18% em Abril relativamente a Março do investimento dos vistos gold . Ou a degradação do défice orçamental do primeiro trimestre deste ano comparado com o do ano passado, mas nada que impeça mais um brilharete baseado em factores cíclicos de uma conjuntura altamente favorável e nas injecções de dividendos do BdP de quase 900 milhões nos dois últimos anos. Como escreve e aqui mostra Miranda Sarmento «estruturalmente, os problemas só se agravaram desde 2016. Na próxima recessão, Portugal voltará a confrontar-se com os mesmos problemas de Finanças Públicas.»
Se no défice vivemos das mágicas do Ronaldo das Finanças, na descida das taxas de juros da dívida vivemos das ilusões imaginando que se devem às nossas realizações. E no entanto, «controlamos menos o nosso destino do que gostamos de acreditar» (Ricardo Cabral no Público) entre outras coisas porque o spread nas taxas a 10 anos entre as dívidas alemã e portuguesa é muito superior ao anterior à crise. Dito de outra maneira, também aqui estamos a ser rebocados pela conjuntura e quando esta se deteriorar cairá a carroça em cima dos cavalos.
Para terminar por esta semana, dois temas pouco falados na comentadoria do regime e aqui muito recordados. O primeiro é a quebra do investimento, sem o qual não há aumento da produtividade e, portanto da riqueza. Para dar o exemplo dos fundos comunitários, no quadro Portugal 2020 somos o sétimo país como maior capitação dos fundos (2.480€) e contudo somos dos que menos comparticipam nos projectos financiados (média de 21%) e, consequentemente, o país cujo investimento está mais dependente dos fundos comunitários (84%) [Números do Expresso].
O segundo é a balança comercial cujo défice foi um dos principais contribuintes para a bancarrota. As importações até Fevereiro cresceram mais do que as exportações de bens e estas em Março deste ano caíram 5,7% face ao ano passado e as importações cresceram 0,1%.
Mas há um problema "insignificante" - a "justiça".
ResponderEliminarParque Escolar : ver quem foi (é) a juiz que deixou a rodrigues ir sossegadamente para casa.
E , no mesmo âmbito, tanto quanto se saiba , nem candinha, nem nascimento , nem monteiro "foram perguntados" quanto ao(s) caso(s) famoso(s) do ainda mais famoso bicharel 44...
Sítio católico, de fraca memória e forte ausência de carácter, para o designar de alguma forma...