26/05/2018

CASE STUDY: O sucesso de hoje não garante o sucesso de amanhã

A indústria portuguesa do calçado foi uma das poucas que sem subsídios, nem colo estatal (possivelmente por isso mesmo), nem jornalismo promocional (falar de sapatos não é muito sexy para os jornalistas que gravitam em torno das luminárias do regime), conseguiu reinventar-se e numa década passar da produção de sapatos baratos sem qualidade para sapatos de boa qualidade e com um preço médio dos mais elevados do mundo ganhando assim uma posição notável no mercado global.

Infelizmente (é uma figura de retórica), o sucesso de hoje não garante o sucesso de amanhã. A indústria de calçado portuguesa fabrica hoje sapatos topo de gama para gente endinheirada (enfim, mais ou menos) e gradualmente a concorrência aumentará num segmento de mercado com uma dimensão limitada.

Trading Up, Michael Silverstein & Neil Fiske
Talvez percebendo isso, a ECCO, a multinacional dinamarquesa do calçado presente numa centena de países e empregando 20 mil trabalhadores (40% do emprego na indústria portuguesa do calçado), começou a produzir experimentalmente em Amesterdão sapatos personalizados usando a digitalização laser para desenhar as entressolas à medida dos pés do cliente, as quais são de seguida fabricadas numa impressora 3D e inseridas nos sapatos por ele escolhidos. É uma espécie de masstige, a conjugação dos conceitos ainda recentemente inconciliáveis de produção em massa e produção à medida.

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