«A eutanásia faz parte do pacote de “causas fracturantes” com que as extrema-esquerdas americana e europeia substituiu o socialismo como arma de ataque contra a “sociedade burguesa”. O esforço é agora usar o Estado, não para nacionalizar as fábricas, mas para reconstruir a moral, erradicando a tradição judaico-cristã, especialmente no que tem a ver com a santidade da vida, a favor de uma ética secular e científica, sem mistério nem transcendência. É claro que os proponentes desta biopolítica não admitem as suas origens ideológicas, preferindo citar, como razão, o exemplo de doentes terminais supostamente mantidos em sofrimento pela medicina. Nada disso faz sentido, quando há cuidados paliativos e a possibilidade de interromper tratamentos. Não é a mesma coisa? Pois não, mas então não falem dos doentes terminais, e falem antes da ideologia da “morte racional”, da tese de que a morte deve ser decidida, e não natural, como um último acto de soberania do indivíduo puramente racional.»
A política da morte, Rui Ramos no Observador
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