Miguel Monjardino escreveu na sua coluna Guerra e Paz no Expresso, um texto «Tecnologia e Política» que por coincidência é uma continuação perfeita do post de ontem onde citei Helena Matos. Aqui vai o excerto mais directamente relacionado com a doutrina Somoza:
«A campanha eleitoral recorreu a dados disponíveis no Facebook e identificou milhões de eleitores suscetíveis de serem persuadidos a votar no seu candidato à presidência dos Estados Unidos, através de anúncios televisivos direcionados. O candidato apoiou a ideia, mas exigiu cuidado no modo como os dados pessoais dos eleitores seriam utilizados politicamente.
Os técnicos do Facebook aperceberam- se da utilização que estava a ser feita dos dados dos seus utilizadores. contactaram a campanha, mas consideraram que a privacidade dos mesmos não estava a ser afetada. O candidato ganhou a eleição e, como é natural, membros da sua campanha não resistiram a informar os jornalistas de que os dados recolhidos e a tecnologia disponível lhes tinham permitido, pela primeira vez, caracterizar cada um dos 15 milhões de eleitores indecisos nos EUA pelo nome, morada, rendimento, sexo e raça.
Tudo isto aconteceu em 2012, na campanha presidencial de Barack Obama contra Mitt Romney, e é público. Nada disto foi considerado controverso na altura. Jim Rutenberg, por exemplo, escreveu um longo artigo sobre o assunto no diário “The New York Times”: “Data you can believe in” [Dados em que pode acreditar] a 20 de Junho de 2013.
A conclusão de que o Facebook, um dos gigantes empresariais no centro da utopia tecnológica e progressista de Silicon Valley, esteve de alguma forma envolvido na vitória de Donald Trump tem vindo a gerar uma verdadeira tempestade política.»
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